Domingo, 23 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 23 de novembro de 2025
Quando perdeu as eleições de São Paulo, em outubro do ano passado, o influenciador Pablo Marçal (PRTB) rapidamente virou a página. Voltou a tocar os negócios, a viralizar na internet com conteúdos inusitados e a vender cursos para pessoas que sonham em enriquecer.
Suas ações na corrida eleitoral de 2024, porém, não serão facilmente esquecidas. O empresário acusou —de maneira falsa e reiterada— o adversário, o atual ministro Guilherme Boulos (PSOL), de cheirar cocaína, inclusive com a publicação de um laudo falsificado.
Em entrevista no prédio de sua empresa em Alphaville, em Barueri (Grande SP), o influenciador fala sobre aquele período, ao qual se refere como “guerra” e “loucura”. Responsabiliza seu advogado, Tassio Renam Botelho, pela publicação do laudo (ambos foram denunciados pelo Ministério Público Eleitoral) e diz que também foi difamado pelos outros candidatos.
Tassio foi procurado pela reportagem, mas não respondeu. A defesa deles chegou a argumentar na Justiça Eleitoral que estava amparada no “direito à livre manifestação do pensamento” e que o conteúdo veiculado não foi fabricado, apenas divulgado.
No início do mês, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo reverteu uma das condenações de Marçal na primeira instância, que tratava da gravação remunerada de vídeos para candidatos, assim como a pena de inelegibilidade. O tribunal ainda julgará outras duas decisões, e ele só será considerado inelegível se uma das sentenças for confirmada.
O influenciador desconversa sobre uma possível candidatura à Presidência em 2026. Diz que está desconectado do assunto, mas não descarta concorrer. Afirma que nenhum dos presidenciáveis lhe agrada e que torce para a ascensão de um outsider. Para ele, falta protagonismo entre as lideranças de direita, que ficaram reféns do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Marçal diz que o presidente Lula (PT) foi “a maior decepção de todos os tempos”, mas também o reconhece como “o político mais influente da história”. Apesar da postura agressiva que adotou na última eleição, incluindo ataques pessoais aos adversários, afirma que o Brasil precisa de pacificação: “Tinha que parar com esse auê, é muita confusão”.
Confira trechos da entrevista.
O que mudou um ano após as eleições?
A eleição é uma loucura. Não tem uma diferença na minha vida, mas aqueles 90 dias direto da eleição são um pesadelo para qualquer ser humano. Fica numa privação de não estar com quem você ama, tem que ficar rodeado por seguranças num nível assustador.
Ali [na eleição] alguém precisava chamar a atenção, alguém de propósito rodou arquétipo de rebelde, de bobo da corte. Se não, não consegue chegar no ouvido de ninguém.
Do debate o sr. saiu até com cadeirada, né?
Graças a Deus, aquilo ali foi bom demais, tá louco. [José Luiz] Datena pediu desculpas, eu também já resolvi com ele. Ele parece ser um cara muito bom, mas, como vi que ele tinha um emocional mais abalado que todo mundo, acabei indo para cima dele.
O sr. se arrepende de algo?
Como conheço o tempo, o Cronos não permite ficar voltando atrás, mas acho que não precisa [daqui para frente] fazer a maioria das coisas. Já foi sacramentado, conhecido, eu dei o recado.
Queria saber se o sr. sente que passou do limite em algumas situações. O sr. repetia que Guilherme Boulos tinha sido preso por porte de drogas e depois publicou aquele laudo, que todo mundo viu que era falso.
Menos eu, eu estava num podcast quando a equipe postou. Até hoje eu não vi esse laudo. Acho que isso foi completamente desnecessário. Se eu soubesse que era uma situação adversa da realidade jamais aprovaria.
O sr. não viu o laudo nas redes?
Não vi, derrubaram as minhas redes.
Mas o sr. nunca pediu para ver o documento?
Nunca toquei. Nunca mais mexi com isso, é irrelevante para mim. O que tem de gente maluca em eleição mandando dossiê, é o dia inteiro. Agora acreditar em maluco… Quem do time que bancou isso aí, postou, que responda e se resolva com isso.
Quem foi?
O advogado.
O Tassio [Renam Botelho]?
É. Vai dar tudo certo porque ele é um cara de boa fé, acho que alguém entrou na cabeça dele.
O logo que está no laudo falso é da Mais Clínicas, e o sócio já tinha aparecido com o sr. no Instagram.
Imagina o tanto de gente que eu não tiro foto, tiro 500 fotos num dia.
Mas não é muita coincidência, que o sr. foi na clínica do médico…
Fui algumas vezes e todos os lugares que eu vou, como eu sou muito influente, todo mundo quer tirar foto. Foto não vai mudar nada. Com informações da Folha de São Paulo.