Domingo, 09 de Fevereiro de 2025

Home em foco Polícia Federal encontra no celular do coronel Mauro Cid documentos sobre plano golpista

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A Polícia Federal (PF) encontrou no celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o coronel Mauro Cid, a minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) que poderia embasar um golpe de Estado. A GLO é um instrumento jurídico que permite ao presidente da República convocar as Forças Armadas em momentos de perturbação da ordem pública.

No despacho que autorizou o depoimento de Cid em relação a este caso, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes declara que o material aborda “a possibilidade de empregar as Forças Armadas excepcionalmente, com o objetivo de assegurar o funcionamento autônomo e harmônico dos poderes da União”.

Cid prestou depoimento à PF nesta terça-feira (6), em Brasília. A corporação quer descobrir, entre outros pontos, quem são os autores dos estudos que foram encontrados junto com a minuta do decreto de GLO.

De acordo com as investigações, os documentos foram encontrados em uma conversa de Cid com o sargento Luis Marcos dos Reis. Em outras mensagens, os dois conversam sobre persuadir autoridades do Exército e a colaborarem com a GLO.

Ambos foram presos durante a operação que apura fraudes em cartões de vacinação, como o do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foi a partir desta operação que a PF passou a investigar a suposta participação dos envolvidos em uma preparação para um golpe de Estado.

A PF desconfia que o plano de um golpe envolvia a edição do decreto da GLO e depois a implementação da minuta encontrada na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. O documento poderia autorizar Bolsonaro a declarar estado de defesa nas sedes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para reverter o resultado da eleição presidencial do ano passado.

O material apreendido durante a operação dos cartões de vacinação resultou em um novo inquérito, que investiga a participação do mesmo grupo em preparativos para um golpe de Estado. Foi nesse contexto que Cid prestou depoimento na terça-feira (6).

Troca de mensagens

Segundo a investigação, Ailton Gomes se dispôs a “incitar grupos de manifestantes para aderirem a pautas antidemocráticas no interesse do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, havendo fortes indícios de que o referido investigado, além de ter proximidade com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, também teria um contato direto com o ex-presidente”.

Datado de 15 de dezembro, um dos áudios mostra Barros dizendo a Cid: “É o seguinte: entre hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes [então comandante do Exército] para que ele faça o que tem que fazer. Até amanhã à tarde, ele aderindo, bem, ele faça um pronunciamento, então, posicionando-se dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Está abalada em todo o Brasil”.

A PF também encontrou conversas entre Mauro Cid e assessores que revelaram orientação para o pagamento em dinheiro vivo das despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Por fim, Cid está envolvido nas tentativas de recuperar as joias enviadas pelos governantes da Arábia Saudita ao casal Bolsonaro e que foram retidas pela Receita Federal.

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