Sábado, 01 de Novembro de 2025

Home Saúde Por que a geração X (especialmente mulheres) é a mais dependente dos alimentos ultraprocessados? Novo estudo explica

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Um novo estudo indica que a geração X, e especialmente as mulheres, apresentam maior dependência de alimentos ultraprocessados. E, segundo pesquisadores, isso está interligado à tenra idade em que foram expostos a este tipo de alimentação.

“Os idosos de hoje estavam em um período crucial de desenvolvimento, quando o ambiente alimentar do nosso país mudou. Com outras pesquisas mostrando ligações claras entre o consumo desses alimentos e o risco de doenças crônicas e morte prematura, é importante estudar o vício em alimentos ultraprocessados ​​nessa faixa etária”, explica Lucy K. Loch, aluna de pós-graduação do Departamento de Psicologia da UM.

Os pesquisadores ressaltam que a geração de adultos mais velhos, agora na faixa dos 50 e início dos 60 anos, é a primeira a viver a maior parte de sua vida em um ambiente alimentar dominado por alimentos ultraprocessados.

O trabalho foi publicado na revista científica Addiction e se baseou em dados de 2 mil idosos americanos. No caso desse estudo, a “substância” não é álcool ou nicotina, mas alimentos ultraprocessados, que estimulam o sistema de recompensa do cérebro, como doces, fast food e bebidas açucaradas.

Ao aplicar critérios clínicos de dependência a alimentos ultraprocessados, o estudo destaca as maneiras pelas quais tais alimentos podem “fisgar” as pessoas.

Os pesquisadores utilizaram a Escala de Dependência Alimentar de Yale 2.0 modificada (mYFAS 2.0), uma ferramenta padronizada adaptada dos critérios utilizados para diagnosticar transtornos por uso de substâncias. A escala avalia 13 experiências com alimentos e bebidas ultraprocessados ​​que definem o vício, como desejos intensos, repetidas tentativas frustradas de redução do consumo, sintomas de abstinência e evitação de atividades sociais por medo de comer em excesso.

Geração Baby Boom

Como resultado, eles descobriram que ao contrário dos transtornos tradicionais por uso de substâncias, historicamente mais comuns em homens mais velhos, o vício em alimentos ultraprocessados ​​mostra o padrão oposto: maior prevalência em mulheres mais velhas.

Os dados mostram que 21% das mulheres e 10% dos homens da Geração X e do final da geração Baby Boom, agora na faixa dos 50 e início dos 60 anos, atendem aos critérios para dependência desses alimentos ultraprocessados. Entre adultos de 65 a 80 anos, apenas 12% das mulheres e 4% dos homens atendem aos critérios de dependência de alimentos ultraprocessados.

Segundo os cientistas, uma explicação pode ser o marketing agressivo de alimentos ultraprocessados ​​“diet” para mulheres na década de 1980.

“Mulheres com idades entre 50 e 64 anos podem ter sido expostas a alimentos ultraprocessados ​​durante uma janela de desenvolvimento sensível, o que pode ajudar a explicar os resultados da pesquisa para essa faixa etária“, esclarece a autora sênior Ashley Gearhardt, professora de psicologia.

Dependência

Homens que relataram saúde mental regular ou ruim tinham quatro vezes mais probabilidade de atender aos critérios de dependência de alimentos ultraprocessados; mulheres tinham quase três vezes mais probabilidade.

Além disso, homens e mulheres que relataram se sentir isolados algumas vezes ou frequentemente tinham mais de três vezes mais probabilidade de atender aos critérios de dependência de alimentos ultraprocessados ​​do que aqueles que não relataram isolamento.

Pessoas com sobrepeso podem ser particularmente vulneráveis ​​a alimentos ultraprocessados ​​”com aparência de saúde” — aqueles comercializados como de baixo teor de gordura, baixo teor calórico, ricos em proteínas ou fibras, mas ainda assim formulados para ampliar seu apelo e maximizar o desejo.

“Esses produtos são vendidos como alimentos saudáveis, o que pode ser especialmente problemático para quem está tentando reduzir o número de calorias que consome”, disse Gearhardt. “Isso afeta principalmente as mulheres, devido à pressão social em torno do peso.”

E o cenário não mostrou uma melhora ao longo do tempo.

“Crianças e adolescentes hoje consomem proporções ainda maiores de calorias de alimentos ultraprocessados ​​do que os adultos de meia-idade de hoje consumiam na juventude. Se as tendências atuais continuarem, as gerações futuras poderão apresentar taxas ainda maiores de vício em alimentos ultraprocessados ​​mais tarde na vida”, conclui Geahardt. (Com informações de O Globo)

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