Sexta-feira, 03 de Maio de 2024

Home Variedades Por que envelhecemos? Ciência luta contra o tempo para desvendar e adiar o processo natural da vida

Compartilhe esta notícia:

Anualmente, cerca de US$ 62 bilhões são gastos por consumidores com tratamentos antienvelhecimento, segundo algumas estimativas. Mas mesmo que os cremes para a pele, as tinturas de cabelo e o botox possam fazer com que uma pessoa pareça mais jovem, nenhum deles pode fazer o tempo retroceder.

As causas biológicas do envelhecimento estão sendo estudadas por cientistas na esperança de que ferramentas estejam disponíveis para retardar ou deter seus sinais visíveis e, mais importante, as doenças relacionadas a ele. Esses mecanismos subjacentes são frequentemente chamados de “indicadores de envelhecimento”. Muitos são divididos em duas grandes categorias: desgaste geral em nível celular e diminuição da capacidade do organismo de eliminar células e proteínas antigas ou disfuncionais.

“Os indicadores de envelhecimento são importantes porque envolvem processos que não funcionam de forma adequada durante o envelhecimento e, se forem revertidos, é possível viver mais ou de maneira saudável à medida que envelhecemos”, explicou a professora e pesquisadora Linda Partridge, da Divisão de Biociências da Universidade College de Londres, que ajudou a desenvolver a base conceitual desses indicadores.

O The New York Times perguntou a especialistas em indicadores de envelhecimento como estes podem causar doenças e como os cientistas estão tentando modificá-los. Selecionamos, de uma lista, os dois principais: desgaste e problemas de eliminação.

Desgaste

Muitas das mudanças relacionadas à idade acontecem porque nossas células, e até mesmo nossos genes, se danificam e se comportam de maneira inadequada à medida que envelhecemos.

Problemas com o DNA

Embora possamos imaginar que nossos genes estão programados desde o nascimento, o DNA acumula mudanças ao longo dos anos. Às vezes, erros são introduzidos enquanto uma célula se divide, e outros surgem de forma espontânea, como um erro de digitação que acontece quando o DNA é copiado e colado de uma célula para outra. Também pode haver mutações em decorrência de exposições ambientais, como a radiação ultravioleta proveniente do sol.

Nossas células têm mecanismos para reparar essas mutações genéticas, mas sua eficácia diminui com a idade, o que significa que os erros podem se acumular. Os cientistas não sabem exatamente por que esses sistemas de reparo do DNA se deterioram. “É a pergunta de US$ 1 milhão. A única coisa que sabemos é que sua eficiência se reduz com a idade”, comentou Andrew Dillin, professor de biologia molecular e celular da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

A principal consequência disso é que as células param de funcionar corretamente e são “marcadas como lixo” (mais sobre isso adiante). Na pior das hipóteses, podem ocorrer mutações em genes que suprimem tumores, levando ao desenvolvimento de câncer.

Problemas com os cromossomos

Cada vez que uma célula se replica e seu DNA é copiado, as extremidades de seus cromossomos se encurtam um pouco. Essas partes especiais do genoma são chamadas de telômeros, e são frequentemente comparadas às pontas plastificadas dos cadarços, que impedem seu desgaste.

Quando os telômeros de uma célula se encurtam demais, ela para de se dividir. Esse processo é saudável quando somos jovens, porque impede que as células se reproduzam indefinidamente e se tornem cancerígenas. À medida que envelhecemos, porém, o encurtamento dos telômeros se torna um problema, sobretudo em células-tronco, que o corpo usa para repor a pele, o sangue e outros tecidos.

Elas têm um mecanismo especial para combater isso, mas eventualmente até elas perdem seus telômeros. “Quando isso acontece, elas não podem mais se dividir, e se perde a população de células-tronco”, observou Dillin.

O esgotamento dessas células contribui significativamente para alguns dos indicadores físicos de envelhecimento, como o surgimento de cabelos grisalhos e a pele mais fina e menos elástica. Alguns cosméticos para a pele afirmam que repõem as células-tronco, mas existem poucas provas de que sejam eficazes.

Problemas com as mitocôndrias

Um componente fundamental da saúde celular é a produção de energia, que acontece nas mitocôndrias, a usina de energia celular. À medida que envelhecemos, essas organelas também passam a não funcionar tão bem quanto antes, tornando-se menos eficientes e, consequentemente, gerando menos energia. “A eficácia de todos os outros processos celulares fica comprometida quando não se tem energia suficiente”, disse Verdin, que está envolvido em duas empresas especializadas em medicamentos contra o envelhecimento.

De acordo com Dillin, as mudanças nos níveis de energia da célula também afetam outros aspectos da saúde celular, como a epigenética. As mitocôndrias danificadas também podem sair da célula e causar inflamação, outro aspecto do envelhecimento associado a muitas doenças crônicas.

O exercício regular – a principal recomendação dos especialistas para envelhecer bem – é uma das melhores maneiras de melhorar a saúde mitocondrial.

Problemas para o descarte de lixo

Em decorrência dos problemas mencionados anteriormente, as células defeituosas não só se acumulam com a idade, mas a forma como o corpo se livra delas também se deteriora.

Problemas para eliminar células disfuncionais

Um dos meios mais importantes de lidar com células disfuncionais é relegá-las a um estado conhecido como senescência. Elas param de se dividir e começam a secretar substâncias químicas inflamatórias que sinalizam ao sistema imunológico que se livre delas.

Normalmente, isso não é um problema – na verdade, é uma parte necessária da renovação celular normal –, mas, à medida que envelhecemos, duas coisas acontecem. Em primeiro lugar, existem mais células que precisam ser eliminadas. Em segundo, o sistema de eliminação começa a falhar. Como resultado, as células senescentes se acumulam, causando cada vez mais inflamação.

Problemas para eliminar proteínas ruins

A maioria das células executa suas funções por meio das proteínas que são produzidas. Se o DNA é a planta de uma casa e as células são os construtores, as proteínas são a madeira, os pregos e as placas de gesso.

É comum que elas sejam danificadas – geralmente, são chamadas de proteínas mal dobradas – e existem muitas maneiras de corrigi-las. Mas, novamente, esses processos começam a falhar à medida que envelhecemos, e as proteínas mal dobradas se acumulam e causam problemas.

Uma doença notória associada a proteínas mal dobradas é o mal de Alzheimer, no qual o amiloide e a tau – proteínas cerebrais – formam placas e emaranhados no cérebro.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Variedades

Além da Polaroid: conheça 6 câmeras em que a foto sai na hora
Justiça penhora metade dos imóveis de Ana Hickmann e Alexandre Correa para assegurar pagamento de dívida milionária
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play

No Ar: Atualidades Pampa