Segunda-feira, 20 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 14 de maio de 2023
Os carros utilitários, os SUVs, já caíram no gosto do brasileiro há algum tempo. Um levantamento da KBB (Kelley Blue Book) aponta que modelos deste segmento chegaram a registrar queda de até 17% no preço em 2023.
Outro levantamento, da JATO Dynamics do Brasil, mostra ainda que em abril deste ano, os SUVs foram os modelos que mais tiveram emplacamentos: 53.651 — uma alta de 9,1% comparando com o mesmo mês do ano passado (49.159).
Já os emplacamentos dos segmentos caíram neste mesmo período. Os hatchs médios (Gol, Polo, Onix, HB20) tiveram uma queda de 53,4%. Os de sedãs pequenos (Virtus, HB20S, Cronos) foram 8,1% menor; e os sedãs médios (Corolla, Civic, Cruze), caíram ainda mais, 20%.
E quem tem um sonho de ter um SUV, pode até se animar. Todos os 10 utilitários mais baratos comercializados no Brasil tiveram queda no preço de tabela neste ano. O novo Hyundai Creta, modelo Comfort 1.0 12V, por exemplo, ficou 1,45% mais barato, comparando seu valor abril de 2022 com o mesmo mês de 2023.
O modelo que ficou mais barato foi o Peugeot 2008. Em abril de 2022 ele estava valendo R$ 91.200. No mesmo mês deste ano, custava R$ 75.640, uma queda de 17,06% do seu valor.
Segundo Rafael Sellinas, coordenador de pesquisa da JATO Dynamics do Brasil, de maneira geral, alguns fatores têm contribuído para a redução de preços dos veículos.
“Um deles é o excesso de estoque das montadoras e concessionárias, gerado pelo aumento da produção (após diversas paralisações) para atender a uma demanda reprimida do mercado, gerada pela pandemia e falta de componentes.”
Cenário dos SUVs
Sellinas cita o aumento dos juros e dificuldade de acesso ao crédito. Isso fez com que as montadoras tivessem que conceder bônus mais generosos nos últimos meses, a fim de escoar as unidades remanescentes do ano anterior, gerando um desequilíbrio nos preços entre zero quilômetros e seminovos, o qual acaba sendo ajustado pelo próprio mercado, gerando desvalorizações acima da média.
Para o segmento SUV, isso tem um impacto ainda maior, pois, hoje, representam 50% da oferta dos automóveis de passeio novos.
No entanto, um ponto importante e de atenção para o consumidor que Sellinas destaca é com relação à revenda. Segundo ele, o excesso de oferta, combinado à manutenção mais cara e à alta dos combustíveis – geralmente, são modelos com consumo mais elevado – fazem com que o segmento tenha a maior desvalorização no mercado de seminovos e usados, com média de 8% no último ano.
Esse indicador é puxado, principalmente, pelos modelos a diesel, que vêm sofrendo desvalorização acima da média.
Com relação ao futuro desse segmento, o coordenador de pesquisa explica que, com leis de emissões cada vez mais rígidas, a adequação desses modelos se torna mais desafiadora, pois são veículos mais pesados e possuem motores que emitem mais poluentes.
“Eletrificá-los em larga escala não é uma tarefa simples, pois o custo seria ainda muito elevado. Isso pode representar uma redução da oferta e até mesmo das vendas de SUVs. Mas, não de imediato. Além disso, podemos observar um crescimento expressivo no segmento de picapes nos últimos anos, o qual, em alguns casos, concorre diretamente com os utilitários.”