Terça-feira, 21 de Maio de 2024

Home em foco Presidente da Argentina baixa o tom nas críticas à China. Saiba o porquê

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Os países em desenvolvimento de todo o mundo estão lutando para escolher entre a fidelidade aos Estados Unidos ou à China em questões de comércio, finanças e segurança. Mas, em nenhum outro lugar isso é mais difícil do que na Argentina. A inflação de 276%, o histórico de inadimplência de títulos soberanos e as seis recessões na última década tornaram o país sul-americano mais dependente financeiramente de Pequim do que qualquer um de seus vizinhos na América Latina, onde os EUA perderam terreno para a China nas últimas décadas.

Há oito meses, Javier Milei prometeu cortar os laços com a China caso se tornasse o presidente da Argentina. “Você negociaria com um assassino?”, perguntou ele. Foi um comentário apropriado para um admirador declarado dos Estados Unidos, de Milton Friedman e de Donald Trump, um autodenominado anarcocapitalista que rejeita o socialismo e a intervenção estatal.

Agora, Milei está adotando um tom muito mais pragmático, afirmando que as relações comerciais entre China e Argentina não mudaram “em nada” e que ele não tem intenção de tocar no swap cambial de US$ 18 bilhões. “Sempre dissemos que somos liberais”, disse Milei em uma entrevista exclusiva ao editor-chefe da Bloomberg, John Micklethwait. “Se as pessoas quiserem fazer negócios com a China, elas podem continuar a fazer”, anunciou.

O comércio e os investimentos chineses agora impulsionam grandes setores da economia argentina, desde commodities e energia até o setor bancário. Isso continua sendo verdade mesmo depois que a recente queda no mercado chinês levou o país a restringir alguns de seus investimentos estrangeiros.

Os logotipos do Banco Industrial e Comercial da China (ICBC) e do Banco da China estão pendurados nos arranha-céus de Buenos Aires. A superpotência financiou dezenas de projetos de infraestrutura em todo o país, desde represas hidrelétricas e locais de perfuração de petróleo até uma estação espacial e uma enorme mina de ouro.

Privatizações

Se Milei quiser desmantelar a economia altamente regulamentada da Argentina, como parte de seu plano para tirar o país da pobreza e reduzir a inflação, será difícil fazê-lo sem a China. Essa é uma lição que muitos outros líderes aprenderam. Antes de chegar ao poder, o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro criticou a China e até visitou Taiwan, para depois receber executivos da Huawei Technologies e permitir que a empresa participasse da rede 5G do Brasil.

Mauricio Macri, que governou o país entre 2015 e 2019, também queria esfriar os laços com a China, mas o plano fracassou. Honduras, em troca de apoio econômico e de desenvolvimento, rompeu relações com Taiwan em favor da China no ano passado.

Alcance amplo

Para os argentinos, a compreensão da influência da China pode se resumir apenas aos rótulos “Made in China” nos produtos que representam mais de um quinto de todas as importações. Há também mercearias administradas por imigrantes chineses que chegaram nas últimas décadas em busca de oportunidades em Buenos Aires e em outros lugares.
Mas o imponente torre metálica em uma extremidade do reluzente distrito financeiro de Buenos Aires é um testemunho das mudanças geopolíticas da América Latina. Os gigantescos outdoors do ICBC no topo do edifício de 30 andares podem ser vistos a quilômetros de distância. Atrás das janelas de vidro com vista para o estuário marrom do Rio de la Plata, executivos chineses passeiam por corredores iluminados por lanternas vermelhas durante o Ano Novo Lunar.

Há apenas 20 anos, o BankBoston ocupava os mesmos escritórios e havia ajudado a financiar o boom das exportações agrícolas da Argentina no início do século XX. Hoje, no entanto, as empresas americanas lutam para competir com a China nos setores estratégicos do país sul-americano.

Mesmo com a saída de algumas empresas americanas da Argentina nos últimos anos — desanimadas com a volatilidade política e econômica do país — o ICBC permaneceu no país por três governos diferentes, acumulando um milhão de contas de varejo e contratando um conhecido apresentador de TV argentino para liderar suas campanhas publicitárias.

A China tem projetos até mesmo nas regiões mais remotas do país — desde minas de lítio na árida fronteira com a Bolívia, ao norte, até planos para construir um porto a 3.000 quilômetros de distância, no extremo sul do país, a uma curta viagem de navio até a Antártica.

As informações são do jornal O Globo.

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