Terça-feira, 10 de Dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 19 de novembro de 2022
A entrevista concedida pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino, na manhã deste sábado (19), para rebater as críticas à Copa do Mundo no Qatar, causou indignação por parte de usuários das redes sociais além de alguns jornalistas nacionais e internacionais. O mandatário foi criticado após afirmar que sabe “como é ser discriminado, porque tinha cabelo ruivo e sardas”.
“Eu sinto, eu sei como é ser discriminado, como é ser tratado como um estrangeiro. Como criança na escola eu sofria bullying, porque eu tinha cabelo ruivo e sardas. Eu era italiano, então imagine, eu não falava bom alemão. O que você faz? Você vai para o seu quarto, fica mal, chora. E então tenta fazer amigos, tenta convencer os amigos a se relacionar com outros e outros. Não acusa, não insulta. Você começa a se engajar. E isso é o que nós deveríamos fazer”, disse o presidente da Fifa.
Ao mesmo tempo, após a fala de Infantino, o diretor de relações com a imprensa da Fifa, Bryan Swanson, encerrou o discurso na coletiva se declarando gay. Além disso, o dirigente afirmou que a entidade máxima do futebol é inclusiva e se preocupa com as pessoas de todas as orientações sexuais.
“Esforço excepcional de Gianni Infantino para ver quantas coisas absurdas, prejudiciais, enganosas, desequilibradas e totalmente desrespeitosas ele consegue encaixar em um endereço. Repulsivo. Perigoso. Danos. No entanto, este é um homem sendo reeleito como chefe da FIFA sem oposição”, escreveu a repórter sul-africana da Sky Sports, Melisse Reddy, em sua conta no Twitter.
Condições de trabalho
Durante todo o período de preparação para a Copa do Mundo, o Catar foi alvo de muitas críticas e investigações por conta das péssimas condições de trabalho e de moradia dos trabalhadores que construíram os estádios e todas as obras de infraestrutura.
O programa Globo Repórter constatou o contraste que existe do luxo do país que vai sediar a Copa do Mundo com a região onde moram os trabalhadores. O governo do Catar não gosta que a imprensa internacional frequente esse lugar, uma parte praticamente escondida do país da Copa. O sistema de trabalho é chamado de kafala.
“A palavra kafala, em árabe, vem de fiador, daquela pessoa que vai trabalhar naquele país”, explica Muna Orman, pesquisadora do grupo de estudos do Oriente Médio.
As empresas assumem esse papel e os contratados passam a viver em alojamentos, que só por conta da pandemia tiveram a superlotação impedida. Mais de 1 milhão de imigrantes trabalham no sistema de patrocínio.
“A Copa do Mundo evidenciou esse problema. Essa relação trabalhista que é análoga à escravidão”, diz Muna Orman.
Milhares de operários morreram nas obras da Copa do Mundo e, desde 2020, o Catar vem revisando o sistema de trabalho. Há muito para se repensar.
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