Terça-feira, 14 de Outubro de 2025

Home em foco Presidente eleito deve aproveitar conferência da ONU no Egito a partir de domingo para indicar titular do Ministério do Meio Ambiente

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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu participar da conferência sobre mudanças climáticas da ONU, a COP27, que acontece entre os dias 6 e 18 de novembro no Egito, decisão que foi bem recebida por ambientalistas. A expectativa é que o petista já chegue à conferência na cidade de Sharm el-Sheikh, o primeiro grande evento internacional desde sua vitória, com o nome do indicado para comandar o Ministério do Meio Ambiente em seu governo.

O convite para a participação de Lula foi feito pelo governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB). Houve também contato do governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), que preside o Consórcio de Governadores da Amazônia Legal — grupo que reúne os nove líderes da região e terá pela primeira vez um estande no evento. Organizações da sociedade civil que terão um espaço próprio foram outro grupo que estendeu convites para o governo de transição.

Lula também foi convidado no dia seguinte a sua eleição pela Presidência do Egito, e se juntará a uma lista de peso internacional. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, irá à conferência, assim como Giorgia Meloni, nova premiê italiana, e o mandatário da França, Emmanuel Macron. Não está claro, contudo, se todos estarão simultaneamente no evento.

Há uma cúpula para os líderes nos dois primeiros dias da COP27, mas Biden só irá ao Egito no dia 11, por exemplo. Segundo o jornal O Globo, o mais provável é que o petista faça a viagem na segunda semana da conferência devido às questões logísticas, orquestrando sua agenda com as dos governadores amazônicos — os cinco que confirmaram sua ida estarão lá simultaneamente entre os dias 14 e 15.

Aliados consideram natural que o petista já chegue à COP27 com o nome de seu ministro para apresentar ao mundo. Uma das citadas para assumir a pasta é a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP), que foi ministra do Meio Ambiente nos dois primeiros governos de Lula. Ela também irá a conferência na segunda semana.

Lideranças petistas, porém, afirmam que seria mais provável que Marina fosse indicada para comandar a Autoridade Climática, instituição que irá coordenar a ação de vários ministérios na questão ambiental. A criação da autoridade foi uma das propostas apresentadas pela líder da Rede a Lula como condicionante para que ela declarasse apoio ao petista.

A decisão de Lula foi bem recebida por ambientalistas, que apontam para o bom cartão de visitas dos seus governos anteriores como um sinal de que as sinalizações do presidente eleito para a pauta ambiental não são palavras ao vento: entre 2004 e 2012, anos em que Lula e Dilma Rousseff estiveram no Palácio do Planalto, o desmate na Floresta Amazônica caiu 80%. Nos três primeiros anos de Bolsonaro, subiu 73%.

“O fato do Lula ir para a COP é uma demonstração da importância do tema climático para o governo petista e para retirar o Brasil da posição de pária”, disse Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade. “Além disso, ele certamente deve pautar o tema de transição justa, de assegurar que os temas de clima e desenvolvimento caminhem colados uns aos outros (…). A ida dele para a COP também dá esse tom: o Brasil está de volta, o desmate vai acabar, mas trazendo junto o combate à pobreza.”

Para Stela Herschmann, especialista de políticas climáticas do Observatório do Clima, a ida de Lula será um “movimento muito importante que irá remarcar a entrada do Brasil no tabuleiro internacional e no multilateralismo”:

“Nós já vimos isso começar só com as mensagens que ele recebeu dos chefes de Estado, muitos deles enfatizando a questão ambiental”, disse ela. “A presença dele na COP será um momento de fazer acenos importantes nesta agenda e encontrar pessoalmente alguns desses líderes e começar antes mesmo de assumir a restaurar essas relações que foram tão prejudicadas nos últimos anos.”

Transição x saída

Se o governo de Jair Bolsonaro chegou às últimas duas COPs sem ter o que apresentar, a decisão de Lula deve ofuscar a participação do mandato que termina. A atual equipe do Planalto planejava driblar seu passivo de desmate e de emissões recordes de gases-estufa para, também tirando proveito da crise energética provocada pela guerra na Ucrânia, promover o país como um expoente da energia limpa.

O Ministério do Meio Ambiente planeja um megaestande em parceria com as Confederações Nacionais da Indústria e da Agricultura, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos e o Sebrae. A instalação ficará bem em frente ao espaço dos governadores na Zona Azul — a área onde ocorrem as negociações entre os países — e perto do lugar onde ficarão as organizações da sociedade civil.

“Ninguém vai prestar atenção nos representantes oficiais do governo do Brasil”, disse o climatologista Carlos Nobre, um dos maiores especialistas globais sobre Amazônia. “Talvez só alguns queiram ir lá para perguntar como a bancada do novo Congresso, com muitos defensores do governo atual, vai se manifestar com relação aos compromissos do Brasil com a mudança climática.”

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