Quarta-feira, 26 de Março de 2025

Home Economia Produção industrial brasileira fica estável em setembro

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A indústria brasileira fechou o terceiro trimestre com estagnação. A produção ficou estável tanto na comparação com o segundo trimestre deste ano quanto em relação ao terceiro trimestre do ano anterior. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal, divulgados nessa quarta-feira (1º), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os resultados sugerem que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve ter encolhido no terceiro trimestre, embora não alterem a perspectiva de crescimento de 3% para a atividade econômica no fechamento do ano, opinou o economista André Perfeito.

Segundo ele, “está evidente que há um descolamento entre oferta e demanda no Brasil”, uma vez que os indicadores de oferta “têm se mostrado fracos”, enquanto o mercado de trabalho aponta uma demanda aquecida, com a massa salarial e a renda real em alta.

“Duas hipóteses podem explicar o fenômeno, a saber: a melhora da renda e da massa salarial pode estar se traduzindo não em consumo, mas em desalavancagem (pagamento de dívidas) das famílias que se endividaram durante a pandemia ou o consumo está vazando para fora via importações”, ponderou Perfeito, em comentário.

A produção industrial escapou do vermelho nos últimos dois meses consecutivos. No mês de setembro, houve ligeira elevação de 0,1% em relação a agosto, após um crescimento de apenas 0,2% no mês anterior. No entanto, a indústria vinha de uma queda de 0,3% em julho.

Na passagem de agosto para setembro, 20 das 25 atividades pesquisadas registraram retração. A expansão de 5,6% registrada nas indústrias extrativas foi determinante para manter a média industrial em território positivo, mas o segmento extrativo vinha de uma perda acumulada justamente de 5,6% nos dois meses anteriores, ponderou o IBGE.

“No âmbito doméstico, a atividade industrial sente os efeitos do forte aperto monetário. No âmbito externo, o aumento das taxas de juros pelos bancos centrais para combater a inflação continua pesando sobre a atividade econômica mundial”, justificou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em nota.

As demais principais influências positivas sobre o total da indústria em setembro ante agosto partiram de produtos químicos (1,5%) e de derivados do petróleo e biocombustíveis (0,5%). Na direção oposta, entre as 20 atividades com perdas, os destaques negativos foram os produtos farmacêuticos (-16,7%), máquinas e equipamentos (-7,6%) e veículos (-4,1%).

“Fica claro esse comportamento de um avanço do setor industrial concentrado em poucas atividades”, resumiu André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE. “Tem predomínio muito claro de taxas negativas quando se observam as categorias econômicas e atividades investigadas”, apontou.

Em meio ao cenário de juros elevados, a produção industrial brasileira permanece apenas 0,3% acima do nível de dezembro de 2022, indicando um “comportamento de estabilidade” neste ano, frisou André Macedo.

“Por mais que o setor industrial avance pelo segundo mês seguido, ele praticamente não altera o patamar que encerrou o ano passado”, disse o pesquisador. “Dá ideia ainda de um setor industrial com menor dinamismo, estabilizado em determinado patamar.”

A indústria operava em setembro em nível 1,6% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, no pré-pandemia, além de 18,1% aquém do ápice alcançado em maio de 2011.

“A taxa de juros em patamar elevado é algo a ser considerado para que o setor industrial, passados nove meses de 2023, ele praticamente não altera o patamar que tinha encerrado o ano passado”, apontou Macedo.

O pesquisador diz que a política monetária mais restritiva tem influência sobre as empresas, nas decisões de investimentos, mas também impacta as famílias, em suas decisões de consumo. O efeito da trajetória descendente da taxa básica de juros, com início do ciclo de cortes na Selic em agosto, ainda não foi sentido pelo setor, porque “se dá de forma mais defasada” na indústria, apontou Macedo.

A taxa de juros elevada explica a falta de dinamismo da indústria em 2023, mas o setor também enfrenta fatores estruturais, como o Custo Brasil e a alta carga tributária, acrescentou o gerente do IBGE.

“Claro que o problema do setor industrial não deriva somente de juros”, ponderou.

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