Sexta-feira, 20 de Junho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 19 de junho de 2025
Algumas pessoas parecem estar constantemente em movimento, seja chutando as pernas, andando de um lado para o outro, procurando novas tarefas ou realizando pequenos gestos repetitivos. Esse comportamento, segundo especialistas, pode estar ligado a fatores psicológicos e emocionais específicos, que revelam mais sobre o estado mental do indivíduo do que sobre simples inquietação física.
A psicóloga Laura Portaencasa recorre ao conceito de “horror vacui” para explicar esse fenômeno. O termo, que significa “medo do vazio”, tem origem em um movimento artístico no qual todo o espaço da obra é preenchido, sem deixar margens livres. No contexto psicológico, ele representa a tendência de algumas pessoas de evitar qualquer tipo de vazio – seja físico, emocional ou mental – preenchendo todos os momentos com atividades ou estímulos.
De acordo com Portaencasa, essa necessidade reflete uma angústia presente na sociedade atual, marcada pela busca constante por produtividade e estímulos. Estar sozinho com os próprios pensamentos ou simplesmente em silêncio passou a ser desconfortável para muitos, o que pode indicar um padrão de ansiedade disfarçado de hiperatividade cotidiana.
Pessoas que lidam com ansiedade tendem a desenvolver pensamentos obsessivos, o que as torna mais vulneráveis a esse “horror vacui”. Segundo a psicóloga, a tentativa de evitar o desconforto interno acaba sendo traduzida por uma movimentação constante ou pela busca incessante por tarefas e distrações, mesmo que sem propósito definido.
Além disso, indivíduos extrovertidos, muito ativos ou que organizam suas rotinas em torno de compromissos externos também costumam apresentar essa característica. A agitação nem sempre é negativa, mas quando se torna compulsiva, pode ser sinal de que algo precisa ser observado com mais atenção.
A especialista alerta que essa incapacidade de parar impede as pessoas de vivenciar sensações como paz, tranquilidade e descanso. A ausência dessas experiências pode gerar um ciclo contínuo de exaustão mental e emocional, prejudicando o bem-estar a longo prazo.
Para lidar com esse padrão, Portaencasa sugere a adoção de práticas que favoreçam o autoconhecimento e a introspecção. Entre elas estão a meditação, a escrita de um diário emocional, momentos de silêncio e a redução do uso de telas e dispositivos eletrônicos. Essas ações ajudam a desacelerar e a reverter o desconforto com o vazio.
Segundo a psicóloga, ao aprender a conviver com o silêncio e a quietude, as pessoas passam a reconhecer o valor do descanso mental e descobrem formas mais saudáveis de lidar com suas emoções, sem a necessidade constante de preenchimento externo.
No Ar: Pampa Na Madrugada