Sexta-feira, 03 de Maio de 2024

Home Mundo Putin pede que exército ucraniano dê golpe de Estado e presidente Zelensky admite desistir da Otan

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Em uma reunião televisionada do seu Conselho de Segurança, o presidente russo Vladimir Putin pediu aos militares ucranianos que assumam o governo, ou seja, que derrubem o próprio líder Volodymyr Zelensky, porque dessa forma “seria mais fácil negociar”.

“Apelo mais uma vez aos militares das Forças Armadas da Ucrânia: não permitam que neonazistas e (nacionalistas radicais ucranianos) usem seus filhos, mulheres e idosos como escudos humanos”, disse Putin em uma reunião por videoconferência com o Conselho de Segurança da Rússia que teve transmissão televisiva.

Putin afirmou que a Rússia está lutando principalmente contra “ultranacionalistas” e pediu por um golpe militar:

“Tomem o poder em suas próprias mãos. Parece que assim é mais fácil para nós chegarmos a um acordo do que com essa gangue de drogados e neonazistas”, incitou.

Acuado por uma avassaladora invasão russa, que chegou a Kiev, Zelensky pediu negociações ao Kremlin em dois pronunciamentos diferentes nesta sexta-feira (25). Em um deles, o líder ucraniano afirmou que seu país pode adotar um “status neutro” — o que, na prática, significaria o abandono da ambição de entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar ocidental liderada pelos Estados Unidos.

Após inicialmente rejeitar a proposta, declarando por meio de seu chanceler que Zelensky “mentia” e que a diplomacia só teria lugar após uma rendição, o Kremlin afirmou que Putin está disposto a enviar uma delegação para Minsk, capital de sua aliada Bielorrússia, para negociações.

“Vladimir Putin está disposto a enviar uma delegação russa de alto nível para Minsk para negociações com uma delegação ucraniana”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a agências russas de notícias.

Posteriormente, Peskov afirmou que os ucranianos propuseram que as negociações ocorram em Varsóvia (Polônia), e não em Minsk, mas que os contatos entre as duas partes agora estão “em pausa”. Ele não declarou se Putin aceitou a contraproposta.

Apelos de Zelensky

O primeiro apelo de Zelesnky foi feito em um discurso na televisão logo após a meia-noite de quinta-feira em Kiev — poucas horas antes, portanto, do começo do ataque à capital, desencadeado às 4h locais desta sexta. Nele, o líder ucraniano disse estar disposto a negociar sobre qualquer assunto:

“Não temos medo de falar sobre nada. Sobre garantias de segurança para nosso país. Não temos medo de falar sobre o status neutro, e não estamos na Otan no momento”, afirmou, antes de ressaltar que essa condição tornaria seu país vulnerável a futuras agressões. “Mas que garantias e, mais importante, quais países específicos nos dariam [garantias]?”

Um país neutro é um Estado que se mantém neutro em relação a conflitos e evita entrar em alianças militares como a Otan. O termo, no entanto, é ambíguo, e diferentes países interpretam a neutralidade de forma distinta. Alguns países são desmilitarizados, como a Costa Rica, enquanto outros, como a Suíça, seguem a “neutralidade armada” e têm Forças Armadas para autodefesa.

Nem todos os países neutros evitam qualquer aliança estrangeira, pois Áustria, Irlanda, Finlândia e Suécia, que se descrevem dessa maneira, participam de uma aliança política na União Europeia e integram forças ativas de manutenção da paz da ONU.

Segundo Peskov, a desmilitarização seria uma condição para a Rússia aceitar qualquer acordo.

“[Putin] disse desde o início que o objetivo desta operação era auxiliar [as regiões separatistas] de Luhansk e Donetsk, incluindo a desmilitarização e desnazificação da Ucrânia. Essas são partes essenciais do status neutro”, afirmou.

Moscou afirmou várias vezes que neonazistas governam a Ucrânia, o que é uma mentira — Zelensky é judeu.

A delegação russa incluiria autoridades militares e civis, disse o porta-voz do Kremlin.

Em outra comunicação, o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que Putin disse ao líder chinês, Xi Jinping, que a Rússia está disposta a manter conversas de alto nível com a Ucrânia.

De acordo com um comunicado chinês, Putin disse a Xi que” os Estados Unidos e a Otan há muito ignoram as preocupações legítimas de segurança da Rússia, repetidamente renegam seus compromissos e continuam a expandir o deslocamento militar para o Leste, desafiando os interesses estratégicos da Rússia”.

Recentemente, Moscou e Pequim declararam ter uma “amizade sem limites”, em um expressivo gesto de parceria política.

Em outro pronunciamento na tarde de sexta-feira em Kiev, em uma mensagem de vídeo divulgada na internet, o presidente ucraniano pediu negociações, desta vez sem citar o status neutro:

“Eu quero mais uma vez fazer um apelo ao presidente da Federação Russa. Vamos sentar à mesa de negociações e parar as mortes”, pediu.

Resposta ambígua

Assim como ocorre com frequência desde o início da crise, o Kremlin respondeu inicialmente de forma ambígua, com mensagens sinalizando em direções opostas.

Primeiro, o porta-voz Peskov disse que Putin considera a declaração de Zelensky “um movimento numa direção positiva” e prometeu “analisá-lo”.

Minutos depois, no entanto, o chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que a Ucrânia “perdeu a oportunidade das negociações de segurança” e está “simplesmente mentindo” ao mostrar disposição para discutir um status neutro.

“O presidente Zelensky não disse a verdade, ele simplesmente nos enganou”, disse Lavrov. “Zelensky está mentindo quando diz querer discutir o status neutro da Ucrânia. Ele perdeu a oportunidade das negociações de segurança.”

Lavrov afirmou que a diplomacia só terá lugar quando a Ucrânia depuser armas — isto é, render-se.

“Estamos prontos para negociações, a qualquer momento, assim que as Forças Armadas ucranianas ouvirem nosso chamado e depuserem as armas”, disse o chanceler. “Ninguém irá atacá-los, ninguém irá feri-los, poderão voltar para suas famílias.

Em uma afirmação machista, Lavrov acrescentou que as expectativas russas “permanecem as mesmas, que a Rússia não muda de posição como se fosse uma garota”.

Há meses, Moscou exige garantias de que a Ucrânia jamais entre para a Otan — o que é um objetivo do país declarado em sua Constituição — por receio de que a aliança militar instale tropas e armas em território ucraniano, vizinho ao russo.

A Rússia lançou sua invasão por terra, ar e mar na quinta-feira após uma declaração de guerra de Putin, no maior ataque lançado por um Estado a outro na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, terminada em 1945.

Em seus dois pronunciamentos, Zelensky criticou os países ocidentais, que, em sua opinião, não fazem o bastante para defender a Ucrânia.

No primeiro pronunciamento, o presidente disse que conversou com muitos líderes ocidentais, acrescentando que perguntou a alguns se eles admitiriam a Ucrânia na Otan.

“Todo mundo está com medo. Eles não respondem”, disse ele. “Mas não temos medo. Não temos medo de nada. Não temos medo de defender nosso país. Não temos medo da Rússia.”

A ofensiva russa avança rapidamente, e o líder ucraniano acusou Moscou de atacar alvos civis:

“Eles estão matando pessoas e transformando cidades em alvos militares”, disse. “Isso é uma maldade e nunca será perdoado.

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