Terça-feira, 08 de Outubro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 15 de outubro de 2023
Uma pesquisa inédita da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou que quase 90% do varejo brasileiro adota o parcelamento sem juros no cartão de crédito como estratégia de vendas. Em mais de 1 milhão de estabelecimentos (cerca de 47% do setor) têm até metade de seu faturamento obtido por meio dessa modalidade de pagamento.
Para mais de 29% dos varejistas, as vendas parceladas sem juros representam de 50% a 80% do faturamento, o que representa cerca de R$ 929 bilhões anuais. Já para 13,2% dos estabelecimentos, a modalidade corresponde a mais de 80% das vendas, somando R$ 418 bilhões ao ano.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, destaca a importância do parcelamento nas vendas do comércio e o papel do cartão de crédito como fator de consumo nos últimos anos. Ele também enfatiza a necessidade de se discutir a limitação dos juros no crédito rotativo, mencionando as altas taxas – que chegam a 440% ao ano.
Tadros defende a importância de se buscar soluções semelhantes às implementadas no cheque especial no início de 2020.
O levantamento foi realizado por meio de consulta a um total de 6 mil empresas de todos os segmentos e portes do varejo, em todas as 26 capitais estaduais, mais Brasília. Em torno de 10% dos entrevistados não responderam.
Consenso
A CNC entregou o estudo ao Ministério da Fazenda com o objetivo de manter o parcelamento sem juros, sem interferência nas condições de mercado, além da racionalização das taxas de juros do crédito rotativo. O projeto de lei 2.685/2022, do programa “Desenrola” (que limita os juros a 100% em relação ao valor da dívida total do cartão de crédito) foi aprovado pela Câmara dos Deputados como parte dessas medidas.
Tais ações são vistas como essenciais para lidar com as questões do endividamento e da inadimplência. Segundo a última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da CNC, a proporção de famílias que não conseguem pagar suas dívidas atingiu 12,7%, um recorde histórico desde janeiro de 2010.
“A busca por um consenso entre consumidores, bancos, varejistas e órgãos reguladores continua sendo o caminho mais promissor para garantir condições de consumo favoráveis e fomentar o crescimento econômico”, pontua Izis Ferreira, economista da CNC responsável pelo estudo.
Essa forma de pagamento tem papel importante não somente nas vendas, mas na inclusão das pessoas de renda média e baixa no mercado de consumo, explica a economista: “Na hipótese do fim do parcelamento sem juros, diversos produtos e serviços simplesmente deixarão de ser consumidos pela maior parte da população, que depende de prazo para as compras”.
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