Segunda-feira, 09 de Junho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 8 de junho de 2025
Em setembro, Tara Dower se tornou a pessoa mais rápida da história a completar a Trilha dos Apalaches. Seu recorde — 40 dias, 18 horas e 6 minutos — foi 13 horas mais rápido do que o do recordista anterior, um homem. No mesmo ano, Audrey Jimenez, de 18 anos, fez história no Arizona ao se tornar a primeira garota a vencer um título estadual de luta livre da Divisão 1 no ensino médio — competindo contra meninos.
Em uma variedade de esportes, as mulheres não estão apenas alcançando os homens após gerações de exclusão das atividades esportivas — elas estão ditando o ritmo. Em ultramaratonas, as mulheres regularmente superam os homens, especialmente quando as distâncias se aproximam do extremo. Em 2024, Jasmin Paris se tornou uma das 20 únicas pessoas a terminar a brutal corrida de 160 quilômetros da Barkley Marathons em menos de 60 horas – enquanto bombeava leite materno.
Esses não são apenas feitos atléticos. São redefinições culturais. Especialistas dizem que estamos finalmente despertando para o que o corpo feminino é capaz de fazer.
Feitas para resistir
De modo geral, as discussões sobre “força” sempre significaram força bruta e velocidade em curtas distâncias — qualidades historicamente associadas à fisiologia masculina. Mas resistência, recuperação, resiliência e adaptabilidade são tão essenciais para o desempenho atlético quanto. E, nessas áreas, a fisiologia feminina apresenta vantagens reais, segundo especialistas em ciência do esporte, fisiologia humana e antropologia biológica.
O mito da fragilidade feminina é relativamente moderno. Durante a maior parte da história humana, as mulheres carregavam equipamentos, rastreavam presas e caminhavam de 12 a 16 quilômetros por dia — muitas vezes enquanto estavam grávidas, menstruadas, amamentando ou carregando crianças (uma estimativa aponta que mulheres caçadoras-coletoras percorriam mais de 4.800 quilômetros nos quatro primeiros anos de vida de um filho).
Essa base evolutiva sustenta os feitos atuais, dizem os especialistas. “O corpo feminino tem uma resistência à fadiga superior”, afirma Sophia Nimphius, vice-reitora de esportes da Edith Cowan University, em Perth, Austrália.
Em teste após teste, os músculos das mulheres superam os dos homens quando se trata de trabalho repetitivo, mesmo que com cargas menores, segundo as pesquisas pioneiras de Sandra Hunter, fisiologista do exercício da Universidade de Michigan. As pesquisas de Sandra — e de outros desde então — mostraram que os músculos das mulheres se fatigam mais lentamente do que os dos homens, permitindo que elas façam mais repetições de forma consistente. Os homens podem começar mais fortes com cargas mais pesadas, mas quando o treino se estende? As mulheres continuam, às vezes duas vezes mais ou até mais, superando até os homens mais musculosos.
Essa capacidade de resistência provavelmente se deve ao fato de que o corpo feminino preferencialmente utiliza gordura de queima lenta em vez de carboidratos, que se esgotam rapidamente, tanto em atletas quanto em pessoas menos treinadas, segundo diversos estudos.
Além de usar gordura para manter a energia, fibras musculares lentas, resistentes à fadiga, são geralmente mais comuns no corpo feminino (embora a proporção de fibras varie conforme a genética individual). Esse tipo de músculo também é mais eficiente do que as fibras rápidas, que são geralmente mais presentes nos músculos dos homens. “Nossos músculos fazem mais com menos”, diz Sophia.
Recuperação e resiliência
Além da resistência, vários pequenos estudos sobre corrida de velocidade e levantamento de peso pesado mostraram que as mulheres também se recuperam mais rapidamente de treinos intensos.
As fibras musculares de contração lenta têm, por si só, maior capacidade de recuperação, mas a vantagem feminina pode estar também ligada a uma cicatrização mais rápida: um estudo mostra que fêmeas de camundongos apresentam uma taxa de reparo muscular duas vezes mais rápida (embora estudos com camundongos nem sempre se traduzam diretamente para humanos). O motivo? Há fortes evidências de que o estrogênio reduz a inflamação e favorece a reparação muscular (um dos motivos pelos quais Stacy recomenda que mulheres na pós-menopausa recebam suporte específico de treinamento e de tempo de recuperação).
No Ar: Pampa Na Madrugada