Sexta-feira, 19 de Abril de 2024

Home Brasil Quatro entre 10 pacientes graves com covid na Prevent Senior morreram

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Cerca de 40% dos pacientes internados em estado grave com covid-19 na rede da Prevent Senior em 2020 morreram, segundo dados apresentados pela Covisa, órgão de Vigilância Sanitária vinculado à Secretaria Municipal de Saúde, à CPI da Prevent Senior, da Câmara Municipal de São Paulo. O número é maior do que os 22% citados pelo diretor da operadora, Pedro Batista, em depoimento à CPI da Covid, do Senado Federal.

De acordo com Luiz Artur Vieira Caldeira, coordenador da Covisa, a Prevent Senior notificou 7.705 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em 2020, entre os quais 5.431 foram provocadas pela covid-19. Deste total, 2.210 morreram, uma taxa de mortalidade de aproximadamente 40%. Em 2021, o percentual caiu para 35,16%. Os números fazem parte do sistema Sivep-Gripe, banco de dados oficial de Síndrome Respiratória Aguda Grave.

Na CPI do Senado, Batista deu números diferentes dos apresentados por Caldeira, que dariam uma taxa de 22% de mortos internados:

“Foram mais de 55 mil pacientes positivos para covid, com média de idade de 68 anos; 18 mil deles foram internados; e cerca de 4 mil vieram a óbito”, disse o diretor da Prevent Senior.

A SRAG tem, segundo Caldeira, uma letalidade média de 35%. O percentual é um número, não considera a pandemia da covid-19 e nem a situação específica do município de São Paulo.

O presidente da CPI, vereador Antonio Donato (PT), afirmou ao final da sessão que os números apresentados pela Covisa causaram “espanto” pela “alta taxa de mortalidade nos hospitais da Prevent”.

“É uma linha de investigação da CPI que começa a andar”, afirmou o petista.

O representante da Covisa também disse em depoimento à CPI que solicitou à Secretaria Estadual de Saúde intervenção temporária nos hospitais da Prevent Senior que estavam descumprindo as normas sanitárias na pandemia da covid-19. O documento, enviado no dia 27 de março de 2020 ao órgão, até hoje não teve resposta.

O pedido de intervenção foi elaborado após duas inspeções da Covisa em hospitais da operadora de saúde. A primeira inspeção, realizada no dia 18 de março do ano passado, verificou uma série de irregularidades, tais como: atraso na notificação de casos e óbitos suspeitos e confirmados de covid-19; concentração de casos suspeitos de toda a rede Prevent na unidade Paraíso, o que ocasionou o aumento súbito de demanda e superlotação; ausência da realização de exames para pesquisa de influenza; ausência de notificação de suspeita de surto de infecção por covid-19 intra-hospitalar; quantidade insuficiente de kit para confirmação de casos de coronavírus; além da internação, no mesmo ambiente, de pacientes com sintomas parecidos, mas que não tinham qualquer confirmação da doença.

Após verificar o descumprimento das normas sanitárias e as falhas no processo de prevenção e controle de infecção da doença, a Covisa abriu um processo administrativo sanitário e autuou a empresa. Foram feitas uma série de orientações técnicas, e a própria Prevent Senior se comprometeu a fazer as adequações.

No dia 23 de março, a Covisa fez uma nova inspeção, onde continuou verificando irregularidades. Uma delas, relatadas por Caldeira, foi o não preenchimento de parte dos relatórios de óbito redigidos pela empresa. Depois disso, foi encaminhado à secretaria estadual de saúde um ofício pedindo providências:

“Solicitamos a intervenção temporária no Sancta Maggiore, unidades Paraíso, Pinheiros e Paulista até que a instituição cumpra as normas do código sanitário vigente. Junto com a notificação, foi encaminhado uma cópia do relatório completo da inspeção”, disse Caldeira.

Até hoje, segundo ele, não houve uma resposta oficial por parte do Estado. A única medida que a Covisa teve conhecimento foi a realização de uma inspeção do estado, mas cujo resultado não foi comunicado.

Próximo passo

Ao final da primeira sessão da CPI, os vereadores aprovaram uma requerimento solicitando o comparecimento de um representante da secretaria estadual de saúde para explicar sobre a ausência de uma resposta à Covisa. Na próxima quinta, a comissão recebe Jorge Venâncio, do Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, e a advogada Bruna Morato, que representou 12 médicos na CPI do Senado.

Entre os nomes chamados para comparecer à comissão nas próximas semanas estão Tadeu Frederico de Andrade, paciente da prevent que depôs à CPI do Senado; Irene Abramovich, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo; e Mauro Luiz de Britto Ribeiro, presidente do Conselho Federal de Medicina.

Também na quinta-feira, a força tarefa do Ministério Público Estadual ouviu duas pessoas, um paciente e um familiar de paciente do plano de saúde. Não houve depoimentos nesta sexta (15).

Um dos ouvidos foi o advogado Tadeu de Andrade, de 65 anos, que já havia prestado depoimento na CPI da Covid, do Senado, e afirmou ter passado mal após ingerir os medicamentos do “kit Covid” distribuído pela Prevent.

A investigação do MP é criminal e quer estabelecer relação entre a morte de pacientes, ou danos à saude, causados por remédios prescritos a vítimas de covid-19 sem estudos que comprovassem a eficiência.

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