Sábado, 27 de Julho de 2024

Home Saúde Reações alérgicas graves podem levar ao choque anafilático; tratamento adequado é desafio no Brasil

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Um levantamento da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), considerando dados de pesquisas mundiais, mostrou que 8% das crianças sofrem com alergias alimentares. Nos adultos, a prevalência é de 2%. No Brasil, a tendência é que o número de casos da condição aumente devido a mudanças dos hábitos de vida da população.

Segundo Lucila Camargo Lopes de Oliveira, coordenadora do Departamento Científico de Alergia Alimentar da Asbai, a reação alérgica é uma resposta exagerada do sistema imunológico a uma proteína. “As reações variam de leves até as mais graves. Algumas vezes a resposta é mais intensa, com a presença de substâncias que fazem o pulmão fechar, levando a uma dificuldade do ar passar, ou causam uma vasodilatação, o que atrapalha a chegada do sangue ao cérebro. Nas alergias alimentares mais graves, geralmente acontece a manifestação cardiovascular ou respiratória. É considerado anafilaxia quando dois ou mais sistemas [respiratório, cardíaco, cutâneo] são acometidos”, explica.

Quando um paciente tem o choque anafilático, o tratamento imediato mais indicado pelos especialistas até a chegada da ajuda médica é o uso da adrenalina autoinjetável. O remédio, que idealmente deve ser aplicado na parte lateral da coxa, é capaz de reverter rapidamente a reação alérgica de crianças e adultos. No entanto, a caneta de adrenalina não é disponibilizada no Brasil ou entregue de maneira gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para quem precisa dela, o jeito é importar a preços elevados ou recorrer a medicamentos menos eficazes.

“Usar antialérgicos ou corticoides, seja via oral ou injetados, pode atrasar a melhora do paciente e levar à morte”, alerta Herberto José Chong Neto, presidente do Departamento Científico de Alergia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Fora que muitos não têm o mesmo potencial da adrenalina em termos de reversão de uma reação anafilática. “E o risco de óbito também aumenta muito quando a adrenalina é oferecida mais tarde”, alerta Chong Neto.

Atualmente, tramitam na Câmara dos Deputados dois projetos de lei que prometem trazer avanços significativos na qualidade de vida e no tratamento de pacientes alérgicos no Brasil. O PL 1945/21 obriga médicos, clínicas, hospitais e centros de saúde do País a notificarem o Ministério da Saúde sobre ocorrências de choque anafilático e que podem levar a óbito. Já o PL 85/2024 estabelece o fornecimento gratuito da caneta de adrenalina autoinjetável pelo SUS.

Alimentos alergênicos

Dentre os alimentos mais associados às alergias alimentares estão castanhas, amendoins, leite, ovo, frutos do mar e frutas tropicais, como banana, kiwi e pêssego. Ainda que a especificação dos potenciais ingredientes alergênicos contidos em embalagens de alimentos facilite o dia a dia, pacientes alérgicos têm a qualidade de vida comprometida. “Eles podem ficar excluídos de atividades sociais por causa da chance de entrarem em contato com alimentos alergênicos”, explica Lucila.

Nos casos pediátricos, a condição também atinge os pais, que ficam preocupados com uma possível reação alérgica. Segundo Chong Neto, o medo e a convivência com uma série de proibições (às vezes, a criança não pode nem encostar em determinado alimento) podem afetar a saúde mental dos cuidadores.

Lucila destaca a importância do diagnóstico correto, ressaltando que alergia e intolerância alimentar são diferentes condições. A intolerância à lactose, por exemplo, é um problema caracterizado pela falta de enzimas para a digestão do açúcar do leite. Assim, os sintomas são sobretudo gastrointestinais, como diarreia, náusea e vômito. Já nas alergias alimentares as manifestações são mais graves e podem acometer o trato respiratório, o sistema cardiovascular e a pele.

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