Sábado, 01 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 31 de outubro de 2025
Os casos de câncer entre os jovens de 20 a 40 anos vêm crescendo de maneira contínua nos últimos 30 anos, segundo dados apresentados pelo Instituto francês Gustave Roussy, que busca ampliar sua atuação em pesquisa, prevenção e tratamento. O estabelecimento público, situado em Villejuif, nos arredores de Paris, é um dos maiores centros de luta de combate ao câncer do mundo e considerado uma referência em testes de novos medicamentos e terapias.
Os cânceres do intestino, pâncreas e rins, por exemplo, se tornaram mais comuns nesta faixa etária, o que representa “um verdadeiro desafio para os cientistas”, explicou à RFI o oncologista Fabrice Barlesi, diretor-geral do Instituto Gustave Roussy.
“Não entendemos exatamente o porquê deste aumento, mas há pistas. Alguns estudos mostram que pode haver uma relação entre o consumo de ultraprocessados e o câncer. Mas isso não significa que haja necessariamente uma causalidade, ou seja, uma relação de causa e efeito.”
O aumento impressiona os cientistas, afirma, e as perspectivas exigem ação imediata. Uma pesquisa internacional recente divulgada na revista científica British Medical Journal revelou que, entre 1990 e 2019, houve um aumento de 79,1% de certos tipos de câncer em pessoas com menos de 50 anos, em todo o mundo.
As conclusões de outro estudo, divulgado em dezembro de 2024 pela revista Lancet Oncology, prevêem uma alta de 12% de novos diagnósticos e mortes causadas pela doença nesta faixa etária, entre 2022 e 2050.
O fato é que, estatisticamente, a curva estatística que traduz o aumento dos casos entre jovens não se estabiliza ou registra queda nas últimas três décadas. Na prática, isso indica que, independentemente do método utilizado para analisar os dados, a alta dos cânceres nessa população parece ser uma realidade incontestável, explicou Fabrice André, diretor de pesquisa do instituto francês.
De acordo com ele, ainda serão necessários muitos estudos para confirmar cientificamente as hipóteses que explicariam o aumento do número de casos. “Isso pode levar vários anos”, observa. Confirmar as hipóteses ambientais que estariam por trás do adoecimento dos jovens adultos também é fundamental para adotar medidas de prevenção e evitar a alta de certos tipos de cânceres nas próximas gerações.
Rassy observa que nossos hábitos mudaram muito nos últimos 40 anos. “As hipóteses [para explicar o aumento dos casos] apontam para modificações no expossoma — o conjunto de fatores ambientais aos quais uma pessoa é exposta ao longo da vida: o ar que respira, os alimentos que consome, os produtos químicos, os micróbios, o estresse”, destaca.
Entre os jovens adultos — como são chamados os pacientes entre 30 e 40 anos —, os cânceres mais comuns são os de mama, tireoide, pulmão, trato digestivo e rins. Embora muitos avanços tenham sido feitos nos tratamentos, ainda há muito a ser aprimorado para que deixem menos sequelas nos pacientes.
A pesquisa desenvolvida no hospital Gustave Roussy também investiga os poluentes aos quais os pacientes foram expostos — como microplásticos, substâncias químicas e até metais pesados. (Com informações da RFI)