Sábado, 11 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 11 de outubro de 2025
Falta exatamente um mês para a abertura da COP30, a mais importante conferência climática global desta década, e os olhos do mundo estão voltados para o Brasil — mais especificamente, para Belém do Pará, que sediará, entre os dias 10 e 22 de novembro, esse encontro decisivo. A contagem regressiva já começou, e os últimos 30 dias serão intensos, tanto na diplomacia internacional quanto na mobilização interna de governos, sociedade civil e setores produtivos.
A expectativa é enorme. Afinal, esta será a primeira COP realizada na Amazônia, um dos biomas mais estratégicos do planeta e também um dos mais ameaçados. A localização não é apenas geográfica — é simbólica. Levar o debate climático para o coração da floresta é um chamado à ação concreta e um convite para ouvir quem vive, protege e depende diretamente dela: os povos amazônicos, historicamente à margem das decisões globais, mas agora colocados no centro da agenda.
Nos últimos dias, os preparativos para a COP30 ganharam força, tanto no cenário internacional quanto em iniciativas locais. Uma das movimentações aconteceu nesta semana no Rio Grande do Sul, que sediou, no dia 9 de outubro, a 12ª Reunião do Fórum Gaúcho de Mudanças Climáticas, na sede da FIERGS, em Porto Alegre. Presidido pela secretária estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann, o encontro reuniu lideranças políticas, empresariais e da sociedade civil para discutir o papel do estado no enfrentamento à crise climática — e não apenas como apoio à COP30, mas como ator propositivo.
Durante o evento, foi lançada a Carta do Bioma Pampa, um documento aberto à contribuição da população gaúcha, que propõe diretrizes para proteger esse ecossistema tão único quanto ameaçado. A carta será levada à COP30 como parte das vozes regionais brasileiras que querem ser ouvidas em Belém.
A relevância nacional do encontro foi reforçada pela presença de representantes do governo federal e da coordenação oficial da COP30.
Estiveram presentes Inamara Santos Melo, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), e Luciana Abade, da coordenação da Presidência da COP30, demonstrando que o diálogo entre os níveis estadual e federal é peça-chave para uma articulação climática coesa e eficiente. A escuta ativa às contribuições regionais e o alinhamento com a agenda nacional mostram que o Brasil aposta na construção coletiva para entregar resultados significativos em Belém.
A mobilização brasileira em torno da COP30 também tem crescido em outros estados. Delegações de diversas regiões estão sendo formadas, envolvendo desde universidades e ONGs até empresas e movimentos sociais. A expectativa é que o Brasil mostre ao mundo sua capacidade de liderança climática — não apenas no discurso, mas com propostas ambiciosas e compromissos coerentes com sua responsabilidade histórica e ambiental.
No plano internacional, a COP30 será um momento crucial. Ela marcará a conclusão do segundo Global Stocktake, o “balanço global” do que os países fizeram (ou não fizeram) desde o Acordo de Paris. Será também a oportunidade de pressionar por metas mais ousadas nas novas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) que devem ser apresentadas até 2025. E, sobretudo, será a chance de consolidar mecanismos como o fundo de perdas e danos, além de avançar no financiamento climático para países em desenvolvimento.
Para o povo brasileiro, especialmente os amazônidas, a COP30 representa mais do que um evento: é uma oportunidade histórica de mostrar que a floresta não é apenas um lugar remoto a ser “salvo”, mas um território vivo, habitado e cheio de soluções. Os povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e comunidades tradicionais esperam ser protagonistas dessa narrativa — com direito à fala, à escuta e ao reconhecimento.
A 30 dias da COP30, o Brasil precisa mostrar que está preparado — não só com infraestrutura, mas com ideias, com vozes diversas e com coragem para liderar. O planeta clama por ações urgentes, e Belém pode ser o lugar onde a virada começa. O relógio corre. A COP se aproxima. E a Amazônia espera ser ouvida.
Renato Zimmermann – Desenvolvedor de Negócios Sustentáveis e Ativista da Transição Energética