Sábado, 11 de Maio de 2024

Home Saúde Risco de demência aumenta até 24% para pessoas com sofrimento psicológico

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Pessoas com sofrimento psicológico – caracterizado por relatos de estresse excessivo, humor depressivo, exaustão ou nervosismo crônicos – têm um risco aumentado para o desenvolvimento de demências, que pode chegar a ser 24% superior. A conclusão é do mais amplo estudo conduzido sobre o tema, por cientistas da Universidade de Helsinque, na Finlândia, publicado na revista científica JAMA Network Open.

“À medida que a população envelhece, os distúrbios de memória estão se tornando mais comuns. Naturalmente, isso torna importante a compreensão de seus fatores de risco. Do ponto de vista da psiquiatria, é particularmente interessante que, por meio de modelagem cuidadosa, tenhamos estabelecido uma conexão entre os sintomas associados ao sofrimento mental e a uma doença cerebral orgânica”, avalia a professora de psiquiatria da universidade e autora do estudo, Tiina Paunio, em comunicado.

A depressão e outras queixas associadas à saúde mental já eram consideradas fatores de risco para o declínio cognitivo, mas os pesquisadores explicam que os trabalhos envolviam um número de participantes pequeno ou acompanhados por curtos períodos de tempo.

Agora, os cientistas avaliaram cerca de 68 mil finlandeses que participaram de um longo estudo nacional de saúde chamado FINRISK, que monitora fatores de risco relacionados a diversas doenças crônicas não transmissíveis no país. Os participantes selecionados foram incluídos na pesquisa entre 1972 e 2007, e acompanhados por períodos que variaram de 10 a 45 anos – em média, durante 25. As idades variaram de 25 a 75 anos.

De cinco em cinco anos, o estudo FINRISK realizava levantamentos com os participantes que, entre as perguntas, questionavam sobre sentimento dos sintomas negativos de saúde mental e a frequência com que sentiam as angústias.

Os pesquisadores do novo estudo coletaram essas informações para, em seguida, analisar os dados do Registro de Saúde Finlandês e identificar quais dos participantes do FINRISK receberam um diagnóstico de demência até o fim de 2017. Foram identificados 7.935 casos entre os 68 mil e, a partir deles, foi possível estimar o quanto a prevalência das queixas de sofrimento psicológico foram associadas a uma variação no risco do problema.

A ligação foi significativa para todos os quatro sintomas avaliados, afirmam os cientistas. No geral, a angústia psicológica foi associada a um risco 20% maior para o quadro de demência. De forma específica, variou de 17%, associado à exaustão, até 24%, ao estresse excessivo.

Em relação à depressão, um outro estudo, de 2016, publicado no periódico The Lancet Psychiatry por pesquisadores holandeses, sugere que o risco pode ainda aumentar gradualmente a depender da gravidade da doença. Isso quer dizer que, quanto pior o quadro depressivo se tornar, maiores são as chances do desenvolvimento de uma demência.

Ao portal Medscape Medical News, a também autora do novo estudo finlandês, e pesquisadora do Instituto Nacional de Saúde e Bem-Estar da Universidade de Helsinque, Sonja Sulkava, afirmou que uma possível explicação é que o sofrimento constante aumenta os níveis de hormônios do estresse e promovam um quadro prolongado de inflamação no corpo que atinge o cérebro.

“Estudos em animais mostraram claramente que o estresse crônico aumenta a neuropatologia dos distúrbios de memória”, disse.

Ela cita ainda que a angústia pode estar ligada a piores quadros de insônia, o que também aumentaria o risco de problemas neurocognitivos. Isso porque durante o sono ocorre um processo de limpeza de toxinas, metabólitos e resíduos no cérebro, o chamada sistema glinfático. Uma dessas substâncias que podem ser acumuladas pela falta de descanso adequado é a proteína beta-amiloide, considerada uma das causas da doença de Alzheimer, principal forma de demência.

“O sofrimento psicológico também pode levar a outros comportamentos de estilo de vida pouco saudáveis ​​ou evitar a triagem médica, o que aumentaria o risco de demência”, acrescentou.

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