Segunda-feira, 11 de Agosto de 2025

Home Saúde Riscos de chip da beleza são maiores do que possíveis benefícios, diz endocrinologista

Compartilhe esta notícia:

Conhecidos como “chip da beleza”, os implantes hormonais manipulados foram proibidos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em outubro de 2024 após denúncias de entidades médicas que apontam o aumento de casos de insônia, taquicardia e até infarto associados ao uso. Os implantes subcutâneos são aplicados com promessas de perda de peso, diminuição da gordura corporal e aumento da massa muscular, aumento da libido e até combate ao envelhecimento.

Uma revisão bibliográfica de 2024, publicada pelo International Journal of Health Science, aponta o aumento da “medicalização” no Brasil e o papel da publicidade enquanto catalisadora da multiplicação de “drogas de lifestyle” para uso estético, e não com o intuito de tratar condições médicas.

O problema, explica o médico endocrinologista e diretor do Departamento de Endocrinologia Feminina, Andrologia e Transgeneridade da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), Alexandre Hohl, é que esses implantes contêm hormônios misturados sem estudos de eficácia e segurança, como testosterona ou gestrinona, anabolizantes e substâncias para inibir apetite e acelerar o metabolismo.

“As pacientes não têm informação sobre contraindicações e efeitos adversos desses medicamentos que podem ficar até 12 meses em seus corpos”, diz. Os efeitos incluem acne, oleosidade na pele e cabelos, queda capilar, irregularidade menstrual e alteração nas mamas. A depender da dosagem, coração e fígado também podem ter riscos associados. Entre homens, os implantes podem causar impotência.

Alexandre foi um dos médicos que fez campanha para que a Anvisa proibisse a venda e aplicação de implantes hormonais manipulados. Em 2021, a agência proibiu propagandas de gestrinona após a entidades demonstrarem que não há estudos de eficácia e segurança. “Queremos uma restrição, que todos tenham bulas, doses e misturas limitadas”.

O endocrinologista explica que, atualmente, há médicos que vendem implantes hormonais em consultório após comprar de farmácias de manipulação. Assim, a vigilância sanitária do município não é notificada e não há receita emitida. Segundo o médico, a proibição precisa ser mais rígida em território nacional.

De acordo com dados da plataforma Vigicom Hormônios da SBEM, duas pessoas teriam morrido em decorrência do uso dos implantes hormonais e outras 257 relataram complicações médicas. As mais afetadas são as mulheres (63%) e, em 45,9% do total de casos, os hormônios foram usados para fins estéticos, o que é proibido por uma resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina).

Não há estudos científicos que certifiquem a eficácia de implantes hormonais manipulados para fins estéticos. Alexandre diz que, como esses medicamentos contém substâncias anabolizantes, é possível ter uma diminuição de gordura e aumento de massa magra, mas não há garantia da manutenção desse resultado sem mudanças de hábitos. “É um escárnio com a ciência. As pessoas simplesmente não querem ouvir que o risco é maior do que qualquer possível benefício. Hoje, implantes hormonais manipulados são perigosos, causam efeitos adversos e há risco de morte”.

O único implante hormonal regulamentado e aprovado pela Anvisa é o Implanon, método contraceptivo de longa duração e eficácia, que atua no organismo por até três anos. Em julho deste ano, o Ministério da Saúde passou a oferecer o método pelo SUS. As informações são da Folha de S. Paulo

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Saúde

Perda da força muscular, antes ligada aos idosos, vira problema também entre crianças
Quanto custa o tratamento facial feito por Bruna Marquezine? Saiba o valor
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play

No Ar: Pampa Na Madrugada