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Por Redação Rádio Pampa | 7 de abril de 2023
O Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do Banco Central afirmou, em ata de sua última reunião divulgada nesta quinta-feira (9), que o crescimento do crédito amplo, que inclui o mercado de capitais, desacelerou nas diferentes modalidades. No encontro, o Comef manteve em zero o valor do adicional de capital principal contracíclico (ACCP Brasil) dos bancos brasileiros na última quinta-feira.
“Nas pessoas físicas, a desaceleração foi maior nas operações de maior risco, como as ligadas a transações de pagamento [cartão de crédito]. Nas pessoas jurídicas, o crédito desacelerou marginalmente. O mercado de capitais reduziu o seu ritmo de expansão, mas se mantém como fonte relevante de financiamento, principalmente para as grandes empresas”, disse o BC na ata.
O ACCP é uma parcela extra de capital que os bancos devem reservar em momentos de expansão do ciclo de crédito. O mecanismo pode ser usado se o BC entender que os empréstimos do sistema financeiro crescem em níveis não sustentáveis. O cálculo do adicional é feito com base no cenário econômico, na robustez das instituições financeiras e na qualidade dos ativos.
O comitê destacou que os níveis de capitalização e de liquidez do sistema financeiro permaneceram “superiores aos requerimentos prudenciais”. “O sistema tem mantido capital e ativos líquidos suficientes para absorver potenciais perdas em cenários estressados e cumprir a regulamentação vigente”, afirmou.
A ata salientou, ainda, que o Comef segue atento à dinâmica de resgates das cadernetas de poupança e de seus efeitos nas concessões de crédito imobiliário. “A rentabilidade do SFN [sistema financeiro nacional] recuou devido, sobretudo, ao aumento das despesas com provisões, e permanece pressionada por redução da margem de crédito, baixo crescimento das receitas de serviço e crescimento das despesas administrativas devido à inflação”, pontuou.
Regime fiscal
Nos testes de estresse realizados pelo Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do Banco Central, em que cenários extremos são simulados, o impacto “mais severo” para os bancos seria observado no contexto de quebra de confiança no regime fiscal. A avaliação consta na ata de sua última reunião.
“Nos cenários de estresse macroeconômico avaliados, descritos no Relatório de Estabilidade Financeira, o sistema não apresentaria desenquadramentos relevantes. Desde a última reunião do Comef, a elevação da incerteza ampliou o impacto no sistema. O impacto mais severo continua sendo o observado no cenário de quebra de confiança no regime fiscal”, ressaltou o documento.
Por outro lado, o BC ressaltou que os resultados dos testes de estresse demonstram que o sistema está resiliente. “Teste de análise de sensibilidade verificou que mesmo que os ativos problemáticos dobrassem em relação a seus níveis atuais, o sistema não apresentaria desenquadramentos relevantes”, complementou.
O Comef disse, ainda, que “segue entendendo” que políticas macroeconômicas que aumentem a previsibilidade fiscal, que reduzam os prêmios de risco e a volatilidade dos ativos contribuem para a estabilidade financeira e, consequentemente, “melhoram a capacidade de pagamento dos agentes”.
Em mais uma menção à política fiscal, o comitê afirmou que economias emergentes têm, até o momento, mostrado resiliência diante do forte aperto das condições financeiras observado desde o final de 2021, “porém os elevados níveis de endividamento público resultantes dos esforços de combate aos efeitos da pandemia de covid-19 sobre a economia são um fator de vulnerabilidade”.
“A transparência, previsibilidade e credibilidade na condução das políticas monetária, fiscal e macroprudencial são essenciais para mitigar os riscos sistêmicos”, complementou.
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