Sexta-feira, 19 de Abril de 2024

Home em foco Saiba por que o ex-presidente americano Donald Trump agora defende que as pessoas tomem vacina contra covid

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Com seu estilo showman, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump é conhecido pela capacidade de eletrizar sua base eleitoral, que o reverencia mesmo depois de sua partida da Casa Branca. Ultimamente, no entanto, ele decidiu contrariar parte de seus apoiadores. E chegou a ser vaiado por quem costumava aplaudi-lo.

Apoiadores do Partido Republicano, ao qual Trump pertence, são apontados por pesquisas como um dos grupos mais resistentes à vacinação.

Apesar disso, Trump fez uma série de declarações públicas nos últimos dias de dezembro de 2021 e no início de janeiro de 2022 em que recomendou os imunizantes, contrariando seus eleitores e seu próprio histórico no tema que polariza a sociedade americana como poucos e pode influenciar as próximas eleições no país.

Mas o que levou Trump a essa guinada em um tema tão sensível, sob o risco de até perder votos em uma eventual eleição presidencial em 2024?

Analistas políticos apontam que a explicação pode estar na mudança de opinião dos próprios republicanos sobre as vacinas, o que levaria Trump a reivindicar os méritos pela produção delas.

Há também quem aponte para necessidade do ex-presidente de suavizar a própria imagem e reconquistar parte do eleitorado perdido para Biden em 2020 e até mesmo uma preocupação de que a covid-19 esteja matando desproporcionalmente sua base eleitoral, que costuma ser mais antivacina que os democratas.

Em 21 de dezembro, durante uma entrevista ao ex-âncora da rede conservadora Fox News, Bill O’Reilly, Trump admitiu ter recebido a terceira dose de vacina contra a covid, além de afirmar que as vacinas são seguras e que salvaram “dezenas de milhões de pessoas”.

Em uma nova aparição na Fox News, dois dias mais tarde, Trump se disse “muito agradecido” ao atual presidente dos EUA, Joe Biden, a quem ele nem sequer transmitiu o cargo por considerar, sem provas, que houve fraude na eleição fraudulenta.

O aceno do republicano ao sucessor aconteceu porque, em um discurso à nação, Biden reconheceu que “graças à gestão anterior [Trump] e à nossa comunidade científica, os EUA foram um dos primeiros países a terem vacinas”.

“Acho que ele [Biden] fez algo muito bom. Tem de haver um processo de cura neste país, e isso vai ajudar muito”, entusiasmou-se Trump.

Depois, em nova entrevista, desta vez com a apresentadora conservadora Candace Owens, Trump foi ainda mais enfático. “A vacina é uma das maiores conquistas da humanidade”. Quando Owens, que não se vacinou, tentou lançar dúvidas sobre a segurança e a eficácia dos imunizantes, Trump nem permitiu que ela terminasse as frases.

“Ah, não. As vacinas funcionam. Aqueles que estão ficando muito doentes, sendo hospitalizados, são aqueles que não estão vacinados. Se você toma a vacina, você está protegido”, afirmou o ex-presidente.

Na quarta-feira (12), em entrevista à rede de televisão OAN, também conservadora, Trump não só defendeu a vacina e afirmou não ter tido “nenhuma reação colateral” como também usou o assunto para atacar colegas do próprio partido Republicano.

“Eu tomei a vacina e a dose de reforço. Eu ouço as entrevistas de alguns políticos em que eles são perguntados se tomaram o reforço e ficam ‘é, é…’. A resposta é sim, mas eles não querem dizer porque eles são covardes”, disse o ex-presidente, reconhecendo que o tema é impopular em sua base eleitoral.

O comportamento de Trump não gerou apenas vaias na plateia trumpista presente em uma dessas entrevistas. Houve também revolta entre alguns de seus mais fervorosos seguidores.

Condenado por disseminar teorias da conspiração, o apresentador de rádio de extrema-direita Alex Jones, historicamente simpático a Trump, afirmou em seu programa que o ex-presidente era “patético” em seu apoio a vacinas, além de ser “um completo ignorante” ou “um dos mais mal-intencionados homens a já ter vivido”. E sugeriu a seus ouvintes que seria hora de “deixar Trump pra trás”.

Trump financiou vacinas e foi maior influenciador antivacina da pandemia
A nova atitude do republicano sobre vacinas se choca também com seu próprio histórico.

Embora tenha criado a Operação Warp Speed, que injetou mais de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 60 bilhões) em pesquisas para a criação de vacinas contra a covid e impulsionou o desenvolvimento dos imunizantes da Johnson e da Moderna, Trump se recusou a tomar vacina publicamente, como seus três antecessores e seu sucessor fizeram.

Além disso, ele levou meses pra admitir que havia sido imunizado ainda quando era presidente, minimizou repetidamente os riscos da covid (“é como um gripe”) e disse, já fora da presidência, que ele “provavelmente não iria” tomar a dose de reforço, já que estava “em boa forma”.

Trump também disseminou informações falsas sobre vacinas e autismo, associação que diversos órgãos de saúde pública dos EUA descartaram categoricamente.

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