Quinta-feira, 25 de Abril de 2024

Home em foco Saiba quais são as consequências da restrição dos Estados Unidos ao petróleo russo

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A decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de suspender a importação de petróleo da Rússia vai acentuar o aumento de preços dos combustíveis e renova o clima de incerteza sobre os rumos da economia global.

A medida anunciada por Biden nesta terça-feira (8) é mais uma que se soma a outras sanções impostas contra o governo de Putin pela invasão da Ucrânia.

O conjunto de medidas traz efeitos prolongados para as economias globais, incluindo a brasileira, que caminham para lidar com mais inflação e, possivelmente, alta de juros e menos crescimento econômico.

A Rússia tem papel relevante no mercado internacional. É uma das principais exportadoras de petróleo, com cerca de 7 milhões de barris por dia. A dinâmica da guerra, por si só, havia elevado os preços do barril de petróleo para perto dos US$ 140, mas a nova sanção imposta pelos EUA vai pressionar ainda mais a restrição de oferta.

“Não sabemos quão temporário será esse choque. Por mais que o conflito terminasse imediatamente, o impacto demoraria, no mínimo, dois trimestres para ser atenuado. Barril do petróleo a US$ 150 é um choque de primeira grandeza na economia global”, diz Cláudio Frischtak, diretor da consultoria Inter B.

Cálculos preliminares da Inter B mostram que o barril do petróleo em torno dos US$ 150 e a pressão em outros insumos energéticos até o fim do ano poderiam retirar até 3% do potencial de crescimento da economia global. Além disso, o impulso inflacionário seria de 1,5% a 2%.

Mais alta de preços

Em primeiro momento, a decisão dos Estados Unidos deve elevar ainda mais o preço do petróleo.

Diante apenas dos rumores de que o embargo seria aplicado, o preço do barril do tipo Brent chegou a saltar 18% na segunda e se aproximou dos US$ 139 nos primeiros negócios, atingindo seu nível mais alto desde 2008.

Nesta terça, o preço do barril do petróleo ultrapassou a marca de US$ 130. Perto das 14h (horário de Brasília), o barril de petróleo Brent subia 7,78%, negociado a US$ 132,78, e o WTI tinha alta de 7,55%, a US$ 129,17 o barril.

Antes mesmo do anúncio de Biden, um relatório do Bank of America mostrou a dimensão do impacto de uma suspensão das exportações russas. Segundo analistas do banco, poderia haver um déficit de 5 milhões de barris por dia ou mais, e os preços do petróleo chegariam US$ 200.

“Há ainda um próximo passo: depois do início da guerra e das sanções ao petróleo, a Rússia poderia ainda retaliar os países da Otan e interromper totalmente a oferta de petróleo e gás. Seria um processo extraordinário, que não aconteceu nas crises dos anos 70”, diz Frischtak.

O economista explica ainda que o curso das sanções e respostas terá impactos indiretos em toda a cadeia produtiva. Além do custo relevante do petróleo e gás, toda a produção industrial que depende dos derivados seria impactada. É o caso de plásticos, borracha e petroquímicos.

Outros produtos da Rússia também sofrem impactos das demais sanções, como as commodities agrícolas. Metais como paládio e o gás neon, produzidos no país, são insumos críticos para produção de semicondutores.

“Podemos, mais uma vez, ter uma desorganização das cadeias de produção como aconteceu durante a pandemia. É um duplo choque de oferta”, diz Frischtak.

Petrobras em xeque

A política de preços da Petrobras deve ser ainda mais contestada. Desde 2016, a Petrobras passou a adotar para suas refinarias uma política de preços que se orienta pelas flutuações do preço do barril de petróleo no mercado internacional e pelo câmbio.

Em 2022, houve boa entrada de dólares no país, fortalecendo o câmbio aos poucos. Mas a disparada do preço do petróleo no mercado internacional faz com que o real não consiga compensar as defasagens de preço dos combustíveis, o que torna provável que os valores praticados pela Petrobras subam ainda mais.

De olho na reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL), voltou a criticar nesta semana a política de preços adotada pela estatal. Da última vez que Bolsonaro fez comentários semelhantes, ordenou a troca do então presidente da empresa, Roberto Castello Branco, pelo general Joaquim Silva e Luna.

O último reajuste de preços dos combustíveis anunciado pela estatal foi em 11 de janeiro. De lá para cá, o barril do tipo Brent subiu mais que 56%.

No dia 24, a empresa disse que iria “avaliar os impactos” da alta volatilidade dos preços do petróleo no mercado internacional antes de tomar qualquer decisão sobre os preços. “A gente tem observado elevação dos preços nas últimas semanas e, em paralelo, o dólar foi desvalorizando. Com esses dois movimentos, em contraposição, a gente pôde manter nossos preços”, afirmou à época o diretor-executivo de Comercialização e Logística da empresa, Cláudio Mastella.

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