Terça-feira, 14 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 21 de março de 2022
Ao menos 64 trabalhadores da usina nuclear fechada de Chernobyl, que trabalharam por mais de três semanas sem interrupção enquanto as tropas russas ocuparam a instalação, puderam mudar de turno e voltar para casa no domingo.
Cerca de 300 pessoas – incluindo técnicos, guardas e outros – ficaram efetivamente presos na instalação desde 24 de fevereiro, quando as forças russas assumiram o controle. A equipe não conseguiu alternar os turnos de trabalho como de costume, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o órgão de vigilância nuclear das Nações Unidas.
Mas no último domingo (20), após cerca de 600 horas no interior da usina, 64 pessoas foram autorizadas a sair, disse a fábrica em um post no Facebook, onde vem divulgando atualizações periódicas sobre a situação.
Cinquenta trabalhadores em turnos estavam entre os autorizados a ir, disse a fábrica, e foram substituídos por 46 “funcionários voluntários”. Não está claro quando ou se os outros trabalhadores poderão se deslocar.
A Ucrânia informou a AIEA sobre a mudança de turno, disse a agência, e o regulador nacional do país disse que os trabalhadores que se revezaram representavam cerca de metade da equipe no local.
A agência pede há semanas que os trabalhadores sejam autorizados a fazer rodízio, citando as preocupações de segurança com o pessoal exausto que opera sob condições extremamente estressantes.
A equipe técnica que se retirou foi substituída por colegas ucranianos que, assim como eles, estão baseados na cidade de Slavutych, disse a AIEA, citando o órgão regulador de energia nuclear da Ucrânia.
Níveis de radiação
A empresa nuclear estatal ucraniana Energoatom alertou nesta segunda-feira (21) que os níveis de radiação em torno da usina nuclear ocupada de Chernobyl correm o risco de aumentar porque seu sistema de monitoramento de radiação e serviço de combate a incêndios florestais não estão funcionando.
Desde o início da invasão ao território ucraniano, as forças russas assumiram o controle do território em torno da agora extinta usina.
Como resultado, o sistema de monitoramento dos níveis de radiação na chamada zona de exclusão de 30 km nas florestas ao redor da usina não está funcionando atualmente, disse a Energoatom em comunicado.
“Não há dados sobre o estado atual da poluição radioativa do ambiente da zona de exclusão, o que impossibilita uma resposta adequada às ameaças”, afirmou.
A empresa disse que os incêndios florestais sazonais, que ocorrem com mais frequência na primavera e no verão, representam uma ameaça particular, já que o serviço de incêndio florestal da região não estava funcionando.
“Os níveis de radiação na zona de exclusão e além, incluindo não apenas a Ucrânia, mas também outros países, podem piorar significativamente”, afirmou.