Segunda-feira, 20 de Maio de 2024

Home em foco Sinais difusos: presidente do partido de Bolsonaro pune correligionários “lulistas, ao mesmo tempo em que escanteia bolsonaristas para 2004

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O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, tem mediado conflitos internos do partido, enquanto articula candidaturas para as eleições municipais do ano que vem. O político vem se dividindo entre o discurso de oposição liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e um grupo de correligionários cada vez mais disposto a se aproximar do governo Lula.

Em acenos à base bolsonarista, ele anunciou a expulsão do deputado federal Yury do Paredão (PL-CE), fotografado fazendo um gesto de apoio ao atual titular do Palácio do Planalto, e aplicou sanções a parlamentares alinhados ao petista. Os movimentos ocorreram dias após o PL desautorizar parlamentares próximos a Bolsonaro que buscam concorrer a prefeituras de capitais.

Em ofício, o PL comunicou a suspensão de oito deputados de Norte e Nordeste de comissões na Câmara, por três meses, como punição por terem descumprido orientação partidária para votar contra a medida provisória (MP) que reorganizou ministérios. Dois deles, Junior Mano e Matheus Noronha, são do Ceará.

É o mesmo estado de Yury do Paredão, que além de votar a favor da MP, posou com ministros de Lula fazendo o sinal de “L”, mote da campanha do petista no ano passado. Completam a lista quatro deputados do Maranhão — Detinha, Josimar Maranhãozinho, Junior Lourenço e Pastor Gil –, João Carlos Bacelar (BA) e Vinicius Gurgel (AP).

Impacto

As reprimendas, contudo, têm impacto limitado. Maranhãozinho não integra nenhuma comissão. Já seus colegas faltaram, em junho, a pelo menos um terço das reuniões dos colegiados. A expulsão de Yury, por sua vez, abre caminho para que ele se filie a outro partido sem risco de perda de mandato. Interlocutores do PT avaliam que o deputado busca apoio do governo Lula para disputar em 2024 a prefeitura de Juazeiro do Norte, principal município da região do Cariri, reduto eleitoral do ministro da Educação e ex-governador do Ceará, Camilo Santana (PT).

A movimentação do presidente do PL se intensificou após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deixar Bolsonaro inelegível. O partido trabalha para ter o ex-presidente como cabo eleitoral e, ao mesmo tempo, busca opções competitivas nas urnas.

Após a votação da Reforma Tributária, por exemplo, que sofreu oposição de Bolsonaro, Valdemar divulgou nota frisando que cada parlamentar “precisa votar no que for melhor” para seu reduto eleitoral, inclusive buscando emendas e obras do governo.

A posição do PL de liberar os deputados e exigir respeito a posições divergentes, ensejou um pedido de abertura de processo disciplinar contra um aliado de Bolsonaro, o coronel Alfredo Menezes, que chamou de “judas” o deputado federal Alberto Neto (PL-AM) por divergir de seu voto.

Menezes, que já recebeu sinalizações de apoio de Bolsonaro para concorrer à prefeitura de Manaus em 2024, trava uma queda de braço com Alfredo Nascimento (PL), ex-ministro do governo Dilma Rousseff. Aliado de longa data de Valdemar, Nascimento ensaia lançar Neto na capital do Amazonas. Em ofício assinado por Valdemar na semana passada, o PL orientou o diretório de Manaus, presidido por Neto, a “imediata instauração” de processo contra Menezes para apurar “excessos que atinjam a honra de outro filiado”.

Valdemar também divergiu do bolsonarismo na construção de candidaturas em outras capitais. Em João Pessoa, privilegiou a articulação de outro aliado, o deputado Wellington Roberto (PL-PB), que deseja lançar o ex-ministro Marcelo Queiroga à prefeitura.

Revolta

Já a base bolsonarista, encabeçada pelo também deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB), se rebelou e tenta convencer Bolsonaro de que há nomes mais competitivos. Com aval de Valdemar, a mulher do ex-ministro, Simone Queiroga, assumiu no último sábado a divisão feminina do PL na Paraíba, acirrando o racha local. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que compareceu ao evento como líder nacional do PL Mulher, marcou uma agenda à parte com o grupo de Cabo Gilberto.

Em Porto Alegre, apesar de interlocutores de Bolsonaro ventilarem uma candidatura do ex-ministro Onyx Lorenzoni, o presidente do PL gaúcho, Giovanni Cheirini, garante apoio ao atual prefeito Sebastião Melo (MDB), cujo vice, Ricardo Gomes, é do partido do ex-presidente. Cherini já sugere até a filiação de Melo ao PL, pensando na próxima eleição ao governo. Em 2022, Onyx foi derrotado na disputa estadual por Eduardo Leite (PSDB).

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