Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 27 de janeiro de 2023
O dia de muitos brasileiros só começa depois de uma boa xícara de café – e recomeça com o cafezinho pós-almoço. A bebida é um dos alimentos mais tradicionais no País, mas também uma das que provocam as maiores dúvidas. Tomar café aumenta a ansiedade? Causa gastrite? Prejudica o sono?
Segundo Bruno Mahler Mioto, médico cardiologista que dedicou seu doutorado ao tema, e Juliana Gimenez Casagrande, nutricionista doutoranda em Ciência dos Alimentos pela Universidade de São Paulo (USP) e também especialista na bebida, não há motivos para ficar apavorado sobre possíveis efeitos colaterais negativos do café. Isso porque uma série de estudos recentes demonstram que há mais benefícios do que malefícios em consumir a bebida.
“Assim como qualquer alimento, a grande questão está na quantidade consumida. Beber café em excesso certamente pode trazer alguns problemas, mas o consumo moderado, dentro de uma alimentação saudável, só tende a trazer benefícios”, diz Juliana.
Na verdade, a ciência mostra que beber café em diariamente em quantidade moderada pode diminuir as chances de desenvolver diabete, doenças cardíacas, entre outros problemas de saúde. Além disso, ele pode ajudar na concentração e na memória.
“Se uma pessoa não tem o hábito de tomar café e em um dia específico ela decide tomar três ou quatro xícaras da bebida, ela pode ter um aumento de pressão e arritmia cardíaca, por exemplo”, explica o médico. A tendência é que, com o consumo diário, o corpo humano se acostume com a cafeína e as outras substâncias presentes no café. “É criada uma certa resistência”, diz Juliana.
Cafeína
O principal composto do café é a cafeína, que tem alto poder estimulante. Isso faz com que a bebida tenha alguns dos seus efeitos mais conhecidos, como ajudar a ficar mais acordado, disposto e concentrado. Ou seja, ela colabora para que você tenha melhor rendimento no trabalho, nos estudos e na hora de praticar atividades físicas.
O que nem todo mundo, sabe, no entanto, é que esse poder estimulante da cafeína também colabora para potencializar sintomas físicos para os quais a pessoa já tem sensibilidade.
“A cafeína penetra em receptores que temos distribuídos no corpo todo. Então, quando a pessoa já tem uma sensibilidade no estômago, por exemplo, ela tende a produzir mais suco gástrico e ter sintomas da gastrite”, explica Juliana. “O café não causa a gastrite, ele apenas a estimula”, diz.
Além da cafeína, há outras substâncias na bebida. Entre elas, estão o ácido clorogênico, que tem poder antioxidante. Ele diminui a capacidade do corpo em acumular gorduras saturadas e reduz a resistência à insulina, colaborando para a saúde de forma geral e evitando o desenvolvimento de doenças como a diabete em quem já tem predisposição a elas.
Ansiedade
Por sua ação estimulante, o café pode desencadear sintomas de ansiedade se a pessoa já vive com o transtorno. No entanto, Juliana diz que estudos mostram que consumir café moderada e regularmente – o que faz com que a pessoa crie resistência à cafeína, como ela mencionou antes – pode ajudar a controlar a ansiedade e a depressão.
Isso acontece porque a cafeína, quando consumida com moderação, interfere positivamente no humor. Ao mesmo tempo, o ácido cafeico, outra substância presente na bebida, pode ter efeito ansiolítico e antidepressivo, segundo demonstraram estudos iniciais.
O ideal, de acordo com a nutricionista, é que a pessoa faça testes com a bebida e entenda quais hábitos de consumo são os ideais para ela.
Insônia
De forma geral, os especialistas recomendam que não se tome café após as 18h para evitar insônia – especialmente quem tem ansiedade e já enfrenta o problema. No entanto, a interferência do café no sono depende de fatores genéticos.
“Geneticamente, há dois principais grupos de metabolizadores de cafeína: os metabolizadores rápidos e os metabolizadores lentos. O metabolizador rápido é aquele que toma um cafezinho e logo em seguida já se sente mais acordado e disposto. Já o metabolizador lento pode sentir os efeitos no longo prazo e ter dificuldades para dormir mesmo horas depois que bebeu café”, diz a especialista.
No Ar: Pampa Na Tarde