Terça-feira, 05 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 4 de agosto de 2025
O câncer de fígado mata mais de 700 mil pessoas por ano, mas três em cada cinco casos poderiam ser prevenidos, segundo análise publicada na revista Lancet. A prevenção depende do combate às principais causas: hepatite B e C, consumo excessivo de álcool e doenças hepáticas ligadas à obesidade e ao diabetes.
Com cerca de 900 mil novos diagnósticos por ano, o câncer de fígado é o sexto mais comum no mundo e a terceira principal causa de morte por câncer. Se nada mudar, esse número pode chegar a 1,5 milhão em 2050. A doença associada ao álcool e à disfunção metabólica deve responder por quase um terço dos novos casos.
Especialistas alertam que, apesar dos avanços no combate à hepatite viral, há subdiagnóstico da chamada MASLD (doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica), antes conhecida como fígado gorduroso não alcoólico. O câncer de fígado, em geral, se desenvolve a partir da cirrose — estágio avançado e muitas vezes irreversível de danos hepáticos.
A cirrose pode ser causada por infecções virais ou pelo acúmulo de gordura e inflamação no fígado, processo comum em quem consome muito álcool ou apresenta fatores como obesidade. Essa inflamação prolongada danifica o DNA e facilita o surgimento de tumores.
O novo estudo aponta que, embora os cânceres ligados às hepatites devam diminuir até 2050, os relacionados ao álcool e à MASLD devem aumentar. Estima-se que 40% dos adultos no mundo tenham MASLD, condição que pode evoluir de forma silenciosa para cirrose e câncer.
Pacientes com MASLD nem sempre apresentam sintomas ou histórico claro da doença, o que dificulta o diagnóstico. Como não costumam atender aos critérios atuais de rastreamento, muitos não são monitorados adequadamente, alerta o oncologista Ahmed Kaseb.
A hepatologista Mary Rinella defende que a triagem comece na atenção primária. Para isso, recomenda o uso do índice Fib-4 — calculado com exames simples de sangue — em pacientes com diabetes tipo 2 ou obesidade associada a outro fator de risco, como colesterol alto.
A boa notícia é que a MASLD é reversível com mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável, exercícios e, em alguns casos, medicamentos para emagrecimento que já demonstraram eficácia na redução de cicatrizes hepáticas.
Outro fator de risco crescente é a doença hepática relacionada ao álcool. Estudo recente nos EUA mostrou que o risco mais que dobrou entre grandes bebedores entre 1999 e 2020, mesmo com níveis semelhantes de consumo. Isso pode estar ligado ao aumento do número de mulheres e de pessoas com síndrome metabólica entre os que consomem grandes quantidades de álcool.
Essas mudanças indicam que a população atual é mais sensível aos efeitos do álcool sobre o fígado. Para os especialistas, o combate ao câncer de fígado deve passar não só por políticas de vacinação e triagem, mas também por ações contra o excesso de álcool, o sedentarismo e a má alimentação.
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