Quarta-feira, 16 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 28 de novembro de 2022
Desde que o banqueiro Aloysio de Andrade Faria morreu, em setembro de 2020, aos 99 anos, as herdeiras diretas – suas cinco filhas – começaram a desenhar a venda do considerável patrimônio da família. De acordo com fontes próximas à situação, o banqueiro definiu a tática de venda e divisão do patrimônio já em seu testamento, até como forma de evitar conflitos futuros.
O processo de venda tende a ser longo e a envolver diferentes tipos de negócio. No entanto, um dos primeiros “frutos” dessa estratégia já apareceu: o Banco Alfa já foi vendido para o rival Safra por pouco mais de R$ 1 bilhão. Trata-se de um valor considerado baixo para a instituição financeira, além de ser muito inferior ao patrimônio líquido do conglomerado, de cerca de R$ 23 bilhões, segundo o Banco Central (BC).
Para a família, apesar de o valor ser considerado pequeno, deixar de ser controladora de uma instituição financeira tira um peso. Isso porque os controladores são responsabilizados em caso de insolvência de um banco, não importando se ela ocorrer por problemas internos de administração ou por problemas externos, como uma alta inesperada da inadimplência ou uma crise econômica aguda, por exemplo.
O Alfa foi criado por Aloysio Faria quando ele já tinha mais de 70 anos, depois da venda do Real ao holandês ABN Amro, em 1998. Com a incorporação desse grupo pelo Santander, alguns anos mais tarde, os ativos no Brasil passaram para o banco espanhol. A trajetória dos Faria no setor financeiro começou há quase cem anos, com a fundação do Banco da Lavoura, em Minas Gerais, em 1925. Foi essa instituição que, nos anos 1970, foi rebatizada como Real.
No entanto, a venda do Alfa deve ser só o primeiro passo dentro da estratégia de divisão de bens da família. Conforme uma fonte próxima ao assunto, o próprio Aloysio Faria deixou em seu testamento a recomendação, agora levada a cabo, da venda de ativos e da divisão de patrimônios em escritórios de administração de fortunas.
Cada uma de suas cinco filhas já tem herdeiros – e o gerenciamento desse dinheiro, daqui para frente, tende a ficar nas mãos dessa terceira geração. “Há gente bem preparada, que cursou boas faculdades, dentro da família, para fazer esse trabalho”, diz uma fonte.
O olho do dono
De maneira geral, contou uma pessoa próxima à família, apesar de os negócios da família já serem administrados por executivos de mercado, a mão de Aloysio nas empresas sempre foi muito presente. Ou seja: os diretores contratados estavam lá basicamente para levar adiante estratégias que, em primeira instância, eram desenhadas por ele.
Mesmo aos 99 anos, o “banqueiro invisível” era uma presença constante nos negócios familiares. Nos últimos tempos, mesmo vivendo em uma fazenda em Jaguariúna (SP), ele continuava dando as cartas nas empresas. Até pouco antes do início da pandemia de covid, no entanto, ele ainda dava expediente na sede do Grupo Alfa.
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