Segunda-feira, 20 de Maio de 2024

Home Brasil Boate no Rio onde uma turista denunciou ter sofrido estupro coletivo é interditada preventivamente

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A boate Portal Club, localizada na Lapa, no Rio de Janeiro, foi interditada pela Secretaria de Ordem Pública (Seop). O local foi onde uma turista sul-americana de 25 anos denunciou ter sido vítima de um estupro coletivo no último domingo (31).

A medida administrativa, segundo a pasta, foi tomada preventivamente para “preservar a segurança, ordem pública e para que o local permaneça fechado até o encerramento das investigações” da polícia.

Denúncia 

A turista escreveu uma carta sobre o que aconteceu com ela naquela noite. No relato, ela conta que não sabia o que era o “Dark Room” e achou que estava indo para uma pista de dança. Em tradução literal, dark room significa quarto escuro. O espaço é um ambiente instalado em boates ou festas para pessoas que procuram um local discreto para praticar atividades sexuais.

“Aconteceu o que foi reportado, que eu realmente não consigo nem repetir. Não sei como deixei aquele quarto escuro. Quando recuperei um pouco a consciência, estava sentada em uma cadeira na boate chorando e gritando com minha amiga de um lado e uma segurança do outro”, escreveu ela.

A jovem conta que, quando se deu conta do que aconteceu, tentou explicar aos seguranças, mas teve dificuldades por não saber falar português. “Fiquei muito chocada naquele momento, eu estava gritando e chorava tanto que nem conseguia respirar”, conta ela.

Vídeos do interior da boate mostram a vítima conversando com seguranças e a gerente da casa após a jovem denunciar crime e, depois, deixando o local acompanhada dos seguranças da casa noturna e de duas amigas.

Só depois que uma pessoa chegou e começou a traduzir, ela conseguiu se comunicar com os seguranças. “Pedi que me mostrassem as câmeras para entender o que havia acontecido, e o segurança disse que só poderiam fazer isso com autorização da polícia. Comecei a entrar em pânico novamente porque eles realmente não estavam me dando nenhuma solução”, escreve ela.

Em razão de ter perdido a consciência algumas vezes, ela relata não saber precisar quantas pessoas estavam envolvidas, mas desconfia serem amigos de um rapaz que ela conheceu no local.

“O segurança disse que me viu entrando naquele quarto escuro com um homem por minha própria vontade. Eu disse a ele que realmente não sabia o que estava acontecendo porque isso realmente não existe no meu país. Pensei que era outra pista de dança. Ele fez um gesto como se não pudesse fazer nada com isso. Comecei a me desesperar novamente. Se a segurança do local não conseguia me ajudar e entender o que estava acontecendo, como a polícia iria fazer?”, diz ela em outro trecho da carta.

No relato, ela diz que a amiga decidiu chamar a polícia, mas os funcionários afirmaram que não era necessário, já que tinha uma delegacia na rua e que os seguranças acompanhariam as duas até o local.

“Durante todo o caminho, não consegui parar de gritar e chorar. O segurança me disse que eu tinha que me acalmar porque não poderia ir até a delegacia daquele jeito. Eu não consegui me acalmar. […] Percebi os riscos das relações sexuais, não sabia se haviam usado camisinha ou não. Comecei a entrar em pânico de novo, não conseguia respirar”, escreve ela.

Com o desespero, elas desistiram do registro, indo direto para o hospital.

“Aquele momento foi realmente horrível. Todo o processo como vítima. Lembro quando estavam me dando todos os remédios. Estou vivendo esse horror, e eles estão em casa dormindo”.

Na carta, ela agradece o tratamento da equipe do hospital e diz que foi tratada da melhor maneira possível.

“Estou de volta em casa e só quero descansar e esquecer. Acordar e pensar que toda minha viagem pelo Brasil foi um pesadelo, que isso não aconteceu e voltar à minha vida normal. Não sei se haverá justiça ou não, mas já disse tudo o que tinha a dizer e fiz tudo o que tinha que fazer. Espero que a minha história ajude outras mulheres que passaram pela mesma coisa a serem encorajadas a falar, que saibam que não estão sozinhas. Quando realmente consegui explicar o que aconteceu comigo, foi uma equipe muito grande de mulheres que me acolheu em todos os lugares onde passei meu tempo pelo Brasil, sem dúvida eu não teria conseguido isso sem elas”, escreveu ela.

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