Sexta-feira, 11 de Outubro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 14 de outubro de 2023
Mesmo gerando déficit para o Brasil, o comércio bilateral com os Estados Unidos tem rendido neste ano um saldo menos negativo para a balança do País. Em três trimestres, a diferença já caiu 80%: o montante era de US$ 11,5 bilhões no ano passado e baixou para US$ 2,3 bilhões em 2023, considerando-se o período de janeiro a setembro.
Analistas atribuem o resultado ao fato de as importações brasileiras terem caído em ritmo maior que as exportações no âmbito das trocas comerciais entre ambos.
De janeiro a setembro a importação brasileira de bens norte-americanos somou US$ 28,9 bilhões, queda de 26,5% ante iguais meses de 2022. No mesmo período a exportação para o país atingiu US$ 26,6 bilhões, recuo de 4,5%.
A corrente de comércio (soma das importações e exportações, considerado indicador de dinamismo comercial) totalizou US$ 55,5 bilhões neste ano até setembro, segundo maior valor para o período na série histórica oficial, mostram dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic) organizados pela Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) no “Monitor do Comércio Brasil-EUA”.
Abrão Neto, CEO da Amcham, avalia que a tendência mostrada pelos principais indicadores deve se manter no fechamento de 2023. “Nossa expectativa é que o comércio bilateral encerre o ano com a segunda maior corrente de comércio da série histórica entre Brasil e Estados Unidos.”
O déficit comercial menor com os norte-americanos este ano contribuiu para a melhora do resultado da balança comercial brasileira, que acumulou de janeiro a setembro superávit histórico de US$ 71,25 bilhões, reforçando a expectativa de saldo recorde em 2023. Nos nove meses o valor total exportado pelo Brasil ficou praticamente estável em relação ao ano passado, com queda de 0,1%, enquanto as importações caíram 11,7%.
Abrão Neto destaca o desempenho das vendas de bens da indústria de transformação. A exportação brasileira desses produtos aos norte-americanos registrou queda de 0,7%, abaixo da redução de 3,1% na exportação total nesse setor, compara: “Com isso os Estados Unidos se tornaram mais representativos como o maior destino de exportações de bens da indústria de transformação do Brasil”.
A fatia norte-americana subiu de 16% em 2022 para 16,5% em 2023 no período de janeiro a setembro. Considerando-se as exportações brasileiras por setor, os bens da indústria de transformação predominam e ganharam espaço neste ano, saindo de 78,5% de janeiro a setembro do ano passado para 81,6% em iguais meses deste ano. Produtos agropecuários caíram de 5,4% para 4,7%, e os da indústria extrativa, de 15,5% para 13,1%.
Na publicação da Amcham destaca-se que cinco dos dez produtos mais vendidos pelo Brasil aos Estados Unidos tiveram alta em valor no período. O maior destaque foram os equipamentos de engenharia civil, cujo valor subiu 40,5%, de US$ 881 milhões para US$ 1,2 bilhão nos três trimestres.
Segmentos
Dentre os cinco primeiros produtos, em quatro houve aumento da quantidade exportada e queda de preços médios, como também ocorre com os embarque totais em igual período. A venda de produtos semi-acabados de ferro ou aço cresceu 22,8% em volume. Os preços médios caíram 12,8% e a receita de exportação subiu 7% até setembro de 2023 ante igual período de 2022.
Nas importações, a contração de 26,5% de janeiro a setembro deste ano é explicada pela redução das compras brasileiras de bens energéticos, como óleo combustível, petróleo bruto e gás natural, que, juntos, caíram US$ 10,5 bilhões.
A importação de óleo combustível de petróleo, principal item na importação junto aos Estados Unidos, caiu de US$ 10,01 bilhões em 2022 para US$ 3,62 bilhões este ano, ambos de janeiro a setembro. O produto respondeu por 25,6% da importação de produtos norte-americanos no ano passado e nos nove meses iniciais deste ano ficou com 12,5%.
O produto norte-americano enfrenta neste ano a concorrência da Rússia nas vendas a Brasil. De janeiro a setembro, o Brasil comprou US$ 3,2 bilhões em combustíveis dos russos, contra apenas US$ 0,6 bilhão em igual período do ano passado.
Abrão Neto destaca que o mercado de petróleo e combustíveis no mundo sofre mudanças e isso não acontece apenas com os Estados Unidos, já que outros fornecedores tradicionais ao Brasil desses itens também perderam mercado, enquanto novas origens surgiram.
Ele ressalta que o mercado norte-americano oferece oportunidades. A janela deixada com a queda de exportações da China aos Estados Unidos, avalia, ainda está aberta para o Brasil. Dados da série com ajuste sazonal do governo de Washington mostram que a China deixou de ser o principal fornecedor externo de produtos aos Estados Unidos neste ano.
No Ar: Pampa Na Tarde