Segunda-feira, 17 de Junho de 2024

Home Política Com contato proibido entre o presidente do partido de Bolsonaro e o ex-presidente da República, PL perde força e estratégia eleitoral

Compartilhe esta notícia:

Em um ano eleitoral como é 2024, a operação da Polícia Federal (PF) que implicou o ex-presidente Jair Bolsonaro, alguns de seus principais aliados e o presidente da sua legenda, o partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, poderá ter um impacto direto nos planos para as eleições municipais deste ano e até mesmo para atuação do partido no Congresso.

Integrantes do PL reclamam que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deixou o partido “acéfalo” ao impedir o contato entre o ex-presidente Jair Bolsonaro, Costa Neto, e o general Walter Braga Netto, também ocupante de um cargo na sigla. Eles são, atualmente, os responsáveis por definir a estratégia eleitoral da legenda e arbitrar disputas internas para definir candidaturas nos municípios.

Bolsonaro é presidente de honra do partido e seu ex-companheiro de chapa nas eleições de 2022, Braga Netto, o secretário de relações institucionais.

“As demais cautelares fazem parte do processo, mas a proibição do presidente Bolsonaro e do presidente Valdemar se comunicarem inviabiliza completamente a atividade eleitoral do partido”, disse o deputado Filipe Barros (PL-PR). “É uma determinação ilegal e tem claramente o intuito de atrapalhar o PL nessas eleições.”

Os três são investigados pela PF por participar de uma investida golpista e apontados como entusiastas de questionamentos feitos ao sistema eleitoral após as eleições presidenciais. Em sua decisão sobre as investigações, Alexandre de Moraes determinou que os alvos não mantenham contato entre si. Além disso, Valdemar foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo e usurpação de bem público por investigadores terem encontrado uma pepita de ouro de origem suspeita.

A oito meses das eleições municipais, é neste período do ano que as siglas negociam alianças, desenham chapas com candidatos a vereador e desatam os nós sobre as alianças políticas locais. Essas decisões, no PL, passam pelo crivo do grupo.

Para os correlegionários, o diálogo entre os investigados pela PF é crucial para que o PL possa avançar nos seus planos para fazer o partido crescer em número de prefeituras. Bolsonaro, Valdemar e Braga Netto fazem reuniões semanais com outros eventuais participantes, como presidentes de diretórios estaduais da sigla, advogados e demais correligionários para definir as estratégias. O grupo trabalhava para lançar 3 mil candidatos às prefeituras do País, com metas como conseguir pelo menos 150 prefeituras no Estado de São Paulo.

No início do mês que vem, eles deveriam ir à Bahia, juntamente com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, para definir candidaturas locais. Uma pendência no Estado, por exemplo, é a disputa em Feira de Santana, onde há dois nomes da direita interessados em concorrer. A expectativa é que Bolsonaro fosse um interlocutor no diálogo para definir a estratégia na cidade baiana. A viagem agora é incerta.

O deputado José Medeiros (PL-MT) disse que a investigação é “uma operação conjunta do STF e do governo Lula para destruir o grupo de Bolsonaro”, que poderia vencer as eleições deste ano e eleger um presidente em 2026.

“É uma disputa eleitoral. Mas a ação da polícia vai unir o Brasil contra Lula”, disse.

O PL terá esse ano o maior cofre de dinheiro público para turbinar suas candidaturas, com cerca de R$ 880 milhões, valor 500% maior do que de quatro anos atrás, quando elegeu 345 prefeitos, nenhum deles nas capitais.

A intenção neste ano é triplicar o número de prefeituras e ultrapassar a barreira de mil cidades, o investimento busca também minimizar a presença nas chapas de nomes com um passado de alinhamento à esquerda. O partido integrou a base nos primeiros mandatos de Lula e em parte da gestão de Dilma Rousseff, mas, quase uma década depois, apostará na polarização para alavancar o próprio espaço.

 

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Política

Governadores bolsonaristas silenciam sobre investigação do ex-presidente e buscam apoio de Lula para obras
Novo Plano Nacional de Educação deve se tornar mais uma derrota para o ministro Camilo Santana no Congresso
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play

No Ar: Show de Notícias