Domingo, 26 de Maio de 2024

Home em foco Governadores bolsonaristas silenciam sobre investigação do ex-presidente e buscam apoio de Lula para obras

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Eleitos com discurso alinhado ao do ex-presidente Jair Bolsonaro, os governadores Cláudio Castro (Rio de Janeiro), Ratinho Júnior (Paraná), Romeu Zema (Minas Gerais) e Tarcísio de Freitas (São Paulo) evitaram declarações públicas sobre a operação da Polícia Federal que mirou o ex-mandatário e seu entorno por tentativas de golpe e de desacreditar o processo eleitoral de 2022.

Nas últimas duas semanas, os quatro chefes de Executivo estiveram em agendas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem trocaram afagos em eventos de entrega de obras e parcerias. Desde o início deste mandato, os governadores tentam se equilibrar entre a relação com o governo federal e os acenos ao eleitorado do ex-presidente.

A postura do governador do Rio, correligionário de Bolsonaro, se difere da de outros membros do partido, que vêm defendendo a tese de perseguição. Já a assessoria de Tarcísio informou que ele não iria se pronunciar. No sábado, o governo paulista afastou o major Angelo Martins Denicoli, um dos alvos da PF. Ele era assessor especial da Prodesp, empresa pública de TI.

Ratinho Júnior foi o único que se manifestou, mas não diretamente sobre Bolsonaro. O governador afirmou que “entende que as instituições devem funcionar em respeito ao Estado Democrático de Direito”.

Morde e assopra

Ao mesmo tempo que tentam manter uma relação republicana com Lula, os governadores fazem acenos ao eleitorado do ex-presidente. Na última semana, antes da operação, Zema, que se coloca como presidenciável, defendeu Bolsonaro como um articulador político. Também nos últimos dias, ele contrariou o governo federal ao permitir que crianças sem carteira de vacinação em dia se matriculem na rede estadual.

Já Tarcísio e Bolsonaro nutrem uma relação de proximidade. No ano passado, o ex-presidente chegou a dormir no Bandeirantes, sede do governo paulista, em ao menos duas ocasiões em que esteve no estado.

Com Castro, há um distanciamento desde a eleição presidencial. Mas, no final do ano passado, estiveram no mesmo lado para cobrar fidelidade de seus aliados na pré-campanha do deputado federal Alexandre Ramagem (PL) à prefeitura do Rio. Na ocasião, Castro fez acenos ao ex-mandatário: “Vamos juntos”, escreveu em suas redes sociais.

Ratinho Júnior esteve com Bolsonaro em dezembro, quando o ex-presidente recebeu o título de cidadão honorário do Paraná.

Estratégia

Na visão de especialistas, o silêncio dos quatro diante da operação é esperado.

“Eles não fazem uma fala apoiando as investigações porque dessa maneira estariam rompendo com o bolsonarismo. Ao mesmo tempo, eles não se manifestam contra para não se vincularem”, diz a cientista política Michelle Fernandez, da Universidade de Brasília (UNB).

Nos quatro encontros entre Lula e governadores houve discursos sobre deixar as diferenças de lado e nutrir uma relação republicana entre os Poderes. Ratinho Júnior foi o primeiro dos quatro a se reunir com o governo, em 30 de janeiro, quando participou de uma cerimônia no Planalto que marcou a transferência de rodovias paranaenses para entidades privadas. As empresas selecionadas receberam a concessão de 19 trechos de estradas pelas próximas três décadas, somando investimento de R$ 30,4 bilhões.

Três dias após o encontro com o chefe paranaense, Lula participou com Tarcísio de solenidade em Santos, no litoral de São Paulo, onde anunciou uma obra em conjunto com o governo federal. Juntas, as partes investirão R$ 5,8 bilhões no Túnel Santos-Guarujá — o primeiro imerso da América Latina, com a expectativa de entrega em 2028.

Inicialmente, o Planalto custearia o projeto na íntegra, mas Tarcísio insistiu em dividir os gastos. O governador chegou a ameaçar deixar o Republicanos e se filiar ao PL de Bolsonaro, o que demonstraria um distanciamento maior entre sua gestão e o governo Lula.

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No Rio, Lula esteve com o governador Cláudio Castro em Magé, na Baixada Fluminense. Na ocasião, além de entregar obras do “Minha Casa, Minha Vida”, o presidente afirmou que construirá seis novos institutos federais — em Magé, São Gonçalo, Belford Roxo, Teresópolis, Complexo do Alemão e Cidade de Deus. No palanque, trocaram afagos em evento que teve vaias dos presentes ao governador.

O encontro mais recente, com Zema, ocorreu no dia em que Bolsonaro se tornou alvo de medidas cautelares e teve que entregar seu passaporte às autoridades brasileiras. Em visita a Minas Gerais, o presidente anunciou que irá investir R$ 121,4 bilhões em obras no estado via recursos do Novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Deste valor, R$ 36,7 bilhões serão aplicados em obras dentro do território mineiro e o restante abrange ainda outras unidades da federação.

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