Sábado, 27 de Julho de 2024

Home Saúde Conheça os riscos do remédio que “liga e desliga” o cérebro

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Popular nas farmácias para induzir o sono de quem tem dificuldades para dormir, o Zolpidem virou um problema nos últimos meses no Brasil. Isso porque o medicamento está sendo consumido sem receita médica por jovens que buscam a substância para ter alucinações.

Nas redes sociais, não é difícil flagrar relatos de jovens e adultos sobre os efeitos do medicamento. “Tive alucinações e comprei dois pacotes de viagem”, escreveu um internauta no Twitter. “Tomei Zolpidem e não dormi. Acabei de ver que estava pesquisando máquinas necessárias para abrir uma padaria”, escreveu outra usuária do medicamento nas redes sociais.

Receitado para tratar insônia, o remédio somente deve ser utilizado após prescrição médica. Isso porque deve ser um profissional habilitado que indicará ao paciente a duração do tratamento e dosagem correta. Mas o que está acontecendo é o inverso, causando um risco de dependência e de relatos frequentes de alucinação.

Lançado, na década de 1990, o Zolpidem é conhecido pelo seu efeito rápido. Em cerca, de 30 minutos, após a ingestão do comprimido já começa a induzir o sono. O problema é que, em alguns raros casos, pode desempenhar situações de sonambulismo profundo – quando mesmo durante o sono o indivíduo consegue desempenhar algumas atividades motoras próprias do estado de vigília como caminhar, comer e falar.

Foi o que aconteceu com Fernanda. “No primeiro dia de Zolpidem, estava em meu quarto escrevendo um trabalho para a faculdade e, como já estava finalizando e logo iria dormir, resolvi tomar o comprimido receitado. Erro meu”, lembra. O recomendado é tomar o medicamento e já ir dormir.

“Algum tempo depois, minha mãe me encontrou, em modo sonâmbulo, lavando meus pincéis de pintura na pia do banheiro. Detalhe: só me lembro de minutos antes ficar encarando meus pincéis na prateleira. Depois não lembro mais de nada, só sei porque minha mãe contou”.

Em outra à noite, após tomar o medicamento, a estudante lembra que chegou a abrir a porta de casa em estado de sonambulismo. “Minha mãe diz que abri o portão de casa durante a madrugada e saí de pijama em uma expedição para procurar meu gato. Ela me encontrou miando para uma árvore”.

Com autorização de comercialização pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), especialistas em saúde dizem que o grande problema do Zolpidem é que seu uso está sendo desvirtuado, ou seja, está sendo indicado para qualquer dificuldade no sono, ou sendo receitado sem orientação de médicos, o que leva a crescer o número de relatos dos efeitos do remédio.

“Qualquer medicamento que funcione como indutor de sono, pode trazer efeitos colaterais, mesmo os que tem maior atuação seletiva. Esses medicamentos podem, sem o acompanhamento e indicação adequada, criar tolerância e levar o paciente a achar que o tratamento é restrito ao uso de medicações quando na verdade ele depende de um seguimento multidisciplinar como terapia cognitivo comportamental e mudanças de habito de vida”, explicou Darley Paulo Fernandes da Silva, neurocirurgião e especialista em medicina do sono do Hospital de Base de Rio Preto.

Consumo

Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aponta que nos últimos anos cresceu em mais de 550% o consumo do Zolpidem no Brasil.

Marcelo Polacow Bisson, presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) diz que a entidade tem atuado no combate a venda de medicamentos sem prescrição médica, sendo que os profissionais inscritos no CRF-SP envolvidos nas irregularidades tem sua conduta ética avaliada.

“Quando a fiscalização constata irregularidades, atua de duas formas: orientando o farmacêutico sobre as normas que regulamentam a profissão no Brasil e também sobre os cuidados necessários para evitar erros de dispensação; e notificando os estabelecimentos para regularização e encaminhando para outras autoridades, quando pertinente, a fim de que sejam adotadas as providências cabíveis, sendo este encaminhamento uma obrigatoriedade legal”, afirmou Bisson.

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