Terça-feira, 30 de Abril de 2024

Home Economia De R$ 5 a R$ 5,26: o que explicar a disparada do dólar em 7 dias

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Nos últimos sete dias, o dólar disparou frente ao real. A moeda norte-americana saltou de R$ 5 para R$ 5,26, o que representa uma alta de 5,25% nesse curto período.

Após o encerramento do pregão dessa terça-feira (16), a divisa não só atingiu como renovou seu maior patamar em mais de um ano, acendendo um alerta para o governo brasileiro e sua equipe econômica.

Em 2023, a moeda havia acumulado uma queda de 8,06% no primeiro ano da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Foi um fator importante para o controle da inflação e o consequente início do ciclo de corte de juros.

No início de 2024, o caminho se inverteu. Até aqui, o dólar passou a acumular ganhos de 8,60% sobre o real — impulsionado, em especial, pelas altas desta semana.

Três fatores relacionados à migração de investimentos para os Estados Unidos e às contas do governo brasileiro ajudam a explicar a desvalorização da moeda brasileira. São eles:

* Piora nas expectativas sobre cortes na taxa de juros norte-americana
* Escalada dos conflitos entre Irã e Israel
* Mudança na meta fiscal anunciada pelo governo brasileiro

Juros americanos

Desde a última decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), foram divulgados novos dados da economia norte-americana, que indicaram um mercado de trabalho aquecido e aceleração da inflação no país. São informações importantes e que deixam o BC dos EUA receoso de cortar os juros do país.

Quando os juros estão elevados por lá, a rentabilidade das Treasuries (títulos públicos norte-americanos), os mais seguros do mundo, é maior. Assim, quem busca segurança e boa remuneração prioriza o investimento no país.

Em relação a moedas emergentes, como o real, o movimento de valorização do dólar fica ainda mais claro, porque investidores deixam as aplicações mais arriscadas para destinar recursos aos EUA. Quanto menos dólar entra no mercado brasileiro, mais a moeda norte-americana se valoriza.

Na semana passada, no dia 10, houve a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. Contra as expectativas do mercado financeiro, a inflação ao consumidor acelerou e chegou a 3,5% em março, ante 3,2% registrados em fevereiro.

Após a divulgação dos dados, a maioria das bolsas pelo mundo ficaram no vermelho. As três principais bolsas de valores de Wall Street fecharam em queda, assim como alguns índices acionários na Europa.

Conflitos

No fim de semana, um novo capítulo complicou a situação. O Irã lançou um ataque de mísseis e drones contra Israel, após um suposto ataque israelense contra a embaixada iraniana na Síria.

Desde então, o mundo está observado a possibilidade de que Israel possa revidar um ataque realizado pelo Irã no último fim de semana. Caso isso aconteça, os conflitos podem se agravar no Oriente Médio — região que já tem sido paco dos embates sangrentos entre Israel e o grupo terrorista Hamas.

O aumento dos conflitos também significa uma fuga para o dólar, que é considerado um investimento mais seguro. Esse processo valoriza a moeda norte-americana e, por consequência, desvaloriza as moedas emergentes. A primeira reação do mercado veio cedo: o dólar disparou na segunda (15), chegando à casa dos R$ 5,18.

A região também é importante produtora de petróleo, o que afeta a cotação da commodity no mercado internacional. A alta do petróleo é uma preocupação primordial por aqui porque acrescenta pressão à política de preços da Petrobras.

Um aumento do preço do produto deveria afetar diretamente os valores de combustíveis no Brasil, mas a empresa tem segurado os reajustes desde a mudança da política de preços em maio do ano passado.

Meta fiscal

O último elemento para a disparada do dólar nos últimos dias foi a mudança na projeção fiscal do País, anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A nova previsão é de déficit zero para 2025 – e não mais de superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), como previsto até o ano passado.

A mudança na meta significa abrir mais espaço para gastos, diante de uma dificuldade para aumentar receitas no próximo ano. O mercado financeiro não gostou do afrouxamento ainda no segundo ano da existência do novo arcabouço fiscal.

Com o afrouxamento, o cálculo dos investidores é o seguinte:

* o País tem uma perspectiva menor de controle da dívida pública;

* um país mais endividado tem uma probabilidade maior de não cumprir os pagamentos, e se torna mais arriscado;

* um país mais arriscado só se torna atrativo se pagar juros mais altos pelos títulos;

* com países mais seguros pagando juros mais altos no exterior, o Brasil fica menos atrativo;

* se o Brasil está pouco atrativo, os investidores tiram dólares do País.

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