Sábado, 18 de Maio de 2024

Home Economia Desemprego no Brasil surpreende e sobe menos que o esperado

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A robustez do mercado de trabalho brasileiro se manteve na largada de 2024, novamente surpreendendo analistas. O resultado traz boas perspectivas para o cenário de atividade econômica para o início de 2024, mas um sinal de alerta para a inflação.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), a taxa de desemprego no país foi de 7,6% no trimestre móvel encerrado em janeiro, ante 7,6% no trimestre encerrado em outubro e 7,4% no trimestre encerrado em dezembro. A mediana das projeções coletadas pelo Valor Data, no entanto, previa taxa maior, de 7,8%.

No trimestre encerrado em janeiro, o país tinha 8,292 milhões de desempregados, 32 mil a mais que no trimestre anterior – variação classificada pelo IBGE como estabilidade estatística. A população ocupada (empregados, empregadores e funcionários públicos) chegou a 100,593 milhões de pessoas, 0,4% a mais na margem.

A coordenadora de pesquisas domiciliares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Adriana Beringuy, destacou que o aumento da população ocupada não é normal para este período do ano – tradicionalmente marcado pela demissão de trabalhadores contratados para o período das festas. O dado está indicando um mercado mais aquecido, disse. “À medida que forem divulgados os resultados de fevereiro e março, vamos ter condições de avaliar o trimestre como um todo.”

Outro dado que chamou a atenção foi o crescimento da renda média dos trabalhadores, que avançou 1,6% no período, para R$ 3.078, segundo a pesquisa. Já a massa de rendimentos da economia brasileira avançou 2,1% no trimestre e 6% ante igual período do ano anterior, atingindo um novo recorde, de R$ 305,1 bilhões. Em números absolutos, o crescimento foi de R$ 6,3 bilhões.

Os dados de ocupação implicam um viés de baixa para as projeções de desemprego no ano, afirma o economista da Tendências, Lucas Assis, cuja projeção atual é que a taxa encerre o quarto trimestre deste ano em 7,6%.

O resultado de janeiro mostrou desempenho melhor que anos anteriores” — Lucas Assis
Ele nota que, na série dessazonalizada, a desocupação passou de 7,8% em dezembro para 7,7% em janeiro. “Por causa da própria estabilidade da economia no fim do ano passado, a população ocupada apresentou estabilidade na margem. O resultado de janeiro mostrou desempenho melhor que em anos anteriores”, ponderou.

Avaliação semelhante fez o coordenador econômico da Genial Investimentos, Yihao Lin. Após o dado de janeiro, a projeção de desemprego médio para 2024 deve passar dos atuais 8,2% para algo mais perto de 8,0%, afirma.

“Isso reforça que o mercado de trabalho se mantém aquecido e deve beneficiar o consumo e a atividade econômica. A questão é que isso liga também um alerta para o controle da inflação. Calculamos que a Nairu [taxa de desemprego que não acelera a inflação] é de 9% no Brasil, ou seja, mais de um ponto percentual acima do observado atualmente”, acrescenta o economista.

O quinto resultado consecutivo de aumento real dos rendimentos do trabalho – no indicador dessazonalizado – mantém as luzes amarelas piscando, afirma o economista da XP Investimentos Rodolfo Margato. “Essa dinâmica é um dos principais riscos de curto prazo para o processo de desinflação e, com isso, para o espaço adicional de flexibilização da política monetária. A massa de renda do trabalho – que combina população ocupada com rendimento médio – saltou 0,9% em janeiro, o oitavo ganho mensal consecutivo.”

Parte da explicação para a alta da renda do trabalhador é o avanço do emprego formal e, em especial neste trimestre, do aumento no setor público, pondera Beringuy. “Ajudou de maneira importante. Embora o número de trabalhadores do setor público não seja quantitativamente muito significativo, eles têm rendimentos mais altos”, disse.

Este avanço dos rendimentos deve moderar ao longo do ano, diz Assis. Em sua avaliação, uma economia rodando em ritmo mais brando que em 2023 deve proporcionar uma recuperação da taxa de participação – que segue abaixo do período pré-pandemia. Como consequência, o bom desempenho do emprego com carteira assinada tende a perder importância, já que o pessoal que volta ao mercado de trabalho é provavelmente aquele com menor escolaridade e qualificação e, por isso, tende a ser absorvido pelo mercado informal, afirma.

Isto também significa que crescimento dos rendimentos reais e a massa salarial devem desacelerar ao longo do ano, uma vez que empregos informais pagam menos. “O cenário ainda é de crescimento, mas em velocidade menor do que foi observada em 2023”, diz.

Para Rodolpho Tobler, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), os dados confirmam a expectativa de leve redução para o emprego em 2024 por ritmo mais lento da economia. “Esses dados já eram esperados, porque há expectativa de que a taxa de desemprego suba um pouco neste início de ano até por questões sazonais. Se subir muito, é preocupante.”

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