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Por Redação Rádio Pampa | 26 de abril de 2023
Um novo estudo, publicado pelo sociólogo Jonathan Kennedy em formato de livro neste mês, relaciona grandes acontecimentos da Humanidade com o surgimento e propagação de doenças infeciosas. Professor de política e saúde global na Queen Mary University of London, na Inglaterra, o estudioso relaciona, dentre outras coisas, a pandemia do Ebola no século II à consolidação do Cristianismo como religião mundial.
Dentre as teorias expostas por Kennedy, ele propõe que os Homo sapiens, por exemplo, foram expostos a muitos patógenos, já que viveram especialmente na África. Com isso, adquiriram alterações genéticas que lhes deram algum nível de proteção. O êxodo do continente africano, no entanto, expôs outras espécies a esses agentes patogênicos, causando, assim, sua extinção.
O autor também descreve a revolução neolítica, que se deu há cerca de 12 mil anos. Nesta época, houve a mudança da espécie humana de caçadores-coletores para agricultores. Por conta do modelo nômade em pequenos grupos, os caçadores-coletores tendiam a ser relativamente saudáveis, com uma expectativa de vida média de 72 anos. O número melhor do que a expectativa de vida média em alguns países nos dias atuais.
Sempre se assumiu que a mudança no padrão de comportamento com foco na agricultura era algo positivo, trazendo melhor nutrição e mais tempo de lazer. Apesar, na visão de Kennedy, a revolução neolítica levou ao surgimento de despotismo, desigualdade, pobreza e trabalho árduo. Ele descreve ainda como o assentamento e a criação de animais domésticos levaram ao surgimento de doenças zoonóticas – isto é, enfermidades transmitidas pelos bichos.
Em outro capítulo, destinado aos romanos, Jonathan Kennedy destaca que as cidades eram “imundas, fedorentas e infestadas de doenças”, e descreve algumas das grandes pragas que enfraqueceram o Império Romano. A primeira delas foi a peste antonina, possivelmente causada pela varíola. Cerca de 70 anos depois, foi a vez da Praga de Cipriano, que levou à divisão do Império Romano e à ascensão do Cristianismo.
Ele cita ainda a Peste de Justiniano, pandemia causada pela peste bubônica. As mortes em massa neste momento da História, causadas por esta epidemia, levaram ao fim do Império Romano e à conquista muçulmana do Oriente Médio. Mais tarde, de 1346 a 1353, a Peste Negra devastou o norte da África e a Europa, matando de 75 milhões a 200 milhões de pessoas. Neste intervalo, de acordo com o estudioso, houve devastação e enormes convulsões sociais frutos das doenças.
A obra passa ainda pelo período de 1500 em diante, quando os colonos brancos quase exterminaram indígenas ao infectá-los com as doenças trazidas da Europa. No início da década de 1530, por exemplo, o México foi atingido por uma epidemia de sarampo que matou 80% de sua população, tornando-se a epidemia mais mortal da história registrada.
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