Home Saúde Dor não deve ser ignorada; veja 6 tipos que podem indicar problemas graves

A dor é um dos sintomas mais comuns enfrentados pelos brasileiros e, muitas vezes, também um dos mais negligenciados. Embora em muitos casos seja passageira e sem gravidade, ela funciona como um sinal de alerta do organismo e pode indicar condições mais sérias do que se imagina. A anestesiologista Carla Leal Pereira, membro da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), explica que dois tipos de dor podem surgir ao longo da vida: a aguda e a crônica.

A dor aguda é temporária, dura algumas semanas e aparece como um indicativo de que é necessário mudar o comportamento ou tratar uma lesão, doença ou causa específica. Exemplos comuns incluem o desconforto após um procedimento cirúrgico ou a dor de dente. Dependendo da situação, ignorá-la pode levar a complicações. “Ignorá-la pode atrasar o diagnóstico e o tratamento de condições potencialmente graves”, afirma o neurologista Gabriel Taricani Kubota, coordenador do Centro de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

A dor crônica, por sua vez, é definida pela SBED como aquela que persiste por meses ou anos. Geralmente está associada a doenças crônicas ou pode surgir como consequência de uma lesão já tratada. Quando não resolvida, deixa de ser apenas um sintoma e passa a ser considerada uma doença. Segundo Carla, não tratar a dor pode gerar impactos funcionais e psicossociais, incluindo prejuízos físicos, dificuldade para realizar atividades, distúrbios do sono, ansiedade e isolamento social.

O médico André Wan Wen Tsai, especializado em acupuntura e vice-presidente do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura, afirma que nenhuma dor deve ser negligenciada. “Por ser um sinal de alerta, sempre precisa ser investigada”, diz o ex-presidente do Comitê de Dor da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).

A seguir, seis tipos de dor que exigem atenção imediata:

Dor torácica

O incômodo na região central do tórax pode indicar infarto agudo do miocárdio ou angina instável, especialmente quando acompanhado de falta de ar, suor frio, náusea ou irradiação para o braço esquerdo, mandíbula ou costas. Em outras áreas do tórax, a dor pode sinalizar fratura de costela.

Dor abdominal

Quando intensa e de início súbito, pode ser sinal de apendicite, pancreatite, perfuração intestinal, obstrução ou aneurisma de aorta abdominal. Febre, vômitos e distensão abdominal reforçam a gravidade do quadro.

Dor de cabeça súbita ou muito forte

Pode indicar hemorragia subaracnoidea, trombose venosa cerebral ou aneurisma, especialmente quando acompanhada de confusão mental, fala arrastada, convulsões, visão turva ou quando surge após trauma.

Dor lombar com perda de força nas pernas

Pode estar associada à síndrome da cauda equina, uma compressão medular considerada emergência neurológica. O atendimento precoce pode evitar sequelas irreversíveis.

Dor pélvica intensa

Em mulheres, pode indicar gravidez ectópica rota, torção de ovário, ruptura de cisto ou doença inflamatória pélvica grave. Febre, náuseas e vômitos costumam acompanhar o quadro.

Dor acompanhada de alteração do nível de consciência

É um importante sinal de alerta para acidente vascular cerebral (AVC), aneurisma cerebral, traumatismo craniano, tumores ou distúrbios metabólicos.