Sábado, 14 de Dezembro de 2024

Home em foco Eleição nos Estados Unidos afetará as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio

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Duas importantes guerras regionais em andamento, no Oriente Médio e na Ucrânia, aguardam a definição de quem será o próximo presidente dos Estados Unidos. A escolha americana mudará a correlação de forças nesses conflitos e poderá favorecer um ou outro lado nas futuras negociações de cessar-fogo.

No Oriente Médio, Israel luta em três frentes: contra o grupo Hamas, em Gaza; contra o grupo Hezbollah, no Líbano; e à distância contra o Irã. Esse conflito, que começou com o ataque do Hamas há pouco mais de um ano, ainda pressiona as cotações do petróleo, a principal commodity global.

O governo de Israel (e cerca de dois terços da população do país, segundo pesquisa) prefere vitória de Donald Trump, a quem o premiê israelense, Benyamin Netanyah, chamou de “o melhor amigo que Israel já teve na Casa Branca”.

No seu governo, Trump reverteu décadas de diplomacia americana e reconheceu a anexação das Colinas de Golã por Israel e Jerusalém como capital do país. O republicano ignorou a ampliação dos assentamentos judaicos em território palestino ocupado e apoia incondicionalmente a reação de Israel ao ataque do Hamas. A principal demanda israelense à qual ele não atendeu, até agora, foi destruir o programa nuclear iraniano.

Kamala também defende o direito de defesa de Israel e a aliança com os EUA, mas mostra empatia pelo sofrimento palestino, até por precisar do voto dos americanos de origem árabe, que podem ser decisivos em alguns estados.

Trump e Kamala parecem querer fim rápido do conflito. Segundo o jornal “Times of Israel”, Trump pediu a Netanyahu cessar-fogo até a posse presidencial. Mas o republicano celebra a vitória de Israel, enquanto Kamala dá mais ênfase a um acordo. Ambos querem retomada da aproximação entre Israel e os países árabes. Kamala até agora não se pronunciou sobre a posição tradicional dos democratas de solução com dois Estados, ao que Trump se opõe.

Com Trump, Israel possivelmente teria carta branca para moldar o pós-guerra em Gaza. Kamala provavelmente tentaria limitar as opções israelenses. No caso do Irã, seja quem for o presidente, continuará improvável que os EUA se envolvam diretamente num conflito, mas não está claro ainda como eles lidariam com o programa nuclear iraniano. Teerã deverá atingir a capacidade de testar uma bomba atômica durante o próximo governo americano.

Já no caso da guerra na Ucrânia, que vai completar três anos em fevereiro, as posições são mais claras. Kamala pretende manter ajuda financeira e militar americana ao país, enquanto Trump e republicanos prometem zerar o apoio.

Apoio europeu

Assim, se Trump for eleito, a Ucrânia dependeria do apoio europeu, que dificilmente bastaria para manter o esforço de guerra. Nesse caso, o país acabaria forçado a entrar em desvantagem numa negociação de paz com a Rússia. As demandas russas de anexação de quatro províncias ucranianas (território que hoje Moscou não controla totalmente) e de que a Ucrânia não entre na Otan teriam grande chance de prosperar.

Se Kamala vencer, a Rússia teria um dilema. Precisaria decidir se segue com um conflito que consome a economia do país, que já matou mais de cem mil soldados russos (segundo estimativas) e que possivelmente mina o apoio interno ao presidente Vladimir Putin. A Rússia avança no campo de batalha, mas lentamente e com custo muito alto. Nesse cenário, a guerra poderia durar anos ainda. Ou então Moscou entraria numa negociação de paz sem a capacidade de impor suas demandas mínimas.

Putin teria de escolher entre acordo insatisfatório ou a continuidade de guerra cara e impopular. É difícil avaliar o que seria pior para o presidente russo, mas, na intrincada política do Kremlin, parecer fraco é um pecado capital. As informações são do jornal Valor Econômico.

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