Sexta-feira, 10 de Maio de 2024

Home Viagem e Turismo Em meio à guerra, russos buscam imóveis de luxo no Rio de Janeiro

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Os investidores estrangeiros já seguravam o mercado imobiliário de luxo do Rio de Janeiro diante da vantagem cambial, da alta taxa de juros e das dificuldades de financiamento no Brasil. Mas, de um ano para cá, eles têm olhado em peso para os imóveis de alto padrão da capital fluminense — seja para aplicar recursos, seja para mudar de vida.

A procura se concentra, sobretudo, na orla da cidade e nos bairros historicamente mais caros, como Leblon, Ipanema, São Conrado, Copacabana e Joá, na Zona Sul, mas se estende a regiões da Barra da Tijuca, na Zona Oeste. E entre os interessados é possível verificar uma tendência maior de compra por russos.

Consultores imobiliários atribuem essa alta na procura a fatores como a recessão em países da Europa e a guerra na Ucrânia, deflagrada em fevereiro do ano passado. O conflito aguçou o interesse de um público em especial.

“O interesse dos russos pelo mercado local desponta como uma nova tendência. Devido a um clima mais hostil na Europa, por conta da guerra na Ucrânia, os russos têm se interessado mais em investir por aqui”, destaca Frederic Cockenpot, CEO da WhereInRio, que atua no segmento desde 2001 e trouxe o negócio para o Rio em 2007.

Os indicadores da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), calculados com informações da Associação Brasileira de Incorporadoras (Abrainc), confirmam que, nos 12 meses anteriores a abril, o volume de vendas no setor de médio e alto padrão saltou 23,5%, com 45.320 unidades negociadas em todo o país. O valor dessas vendas, por sua vez, teve alta de 7,1% e chegou a R$ 20,5 bilhões.

Na WhereInRio, que representa imóveis de até R$ 100 milhões no estado, Cockenpot diz ter observado um aumento de 35% na procura de investimentos estrangeiros no primeiro semestre deste ano. Os americanos ainda puxam o segmento de locações por temporada (35%), seguidos pelos europeus (25%). Os clientes da Europa são maioria no mercado de compra e venda (40%), composto em apenas um quinto por brasileiros. Enquanto isso, os russos já representam 15% dos aluguéis e 5% das vendas.

“Os clientes russos buscam apartamentos modernos, com boa infraestrutura, segurança também. Eles são um povo fechado, bem frio, diferente do brasileiro, que já chega falando. É um desafio entender se o russo gosta ou não [do imóvel], porque ele não mostra. Ele faz uma ‘poker face’, uma expressão sem reação durante as visitas. São bons negociadores e difíceis de decifrar, mas, no momento em que você cria uma relação, eles passam confiança”, ressalta Cockenpot.

Outros consultores imobiliários corroboraram a tendência de alta do segmento. João Paulo Salgueiro, da Invexo Imobiliária, afirma que a empresa vendeu 23% a mais este ano na comparação com o semestre anterior, com clientes sobretudo americanos e europeus, mas também os russos. Já o corretor Henrique Martins diz ter somado, no primeiro semestre de 2023, todo o Valor Geral de Vendas (VGV) que teve no ano passado inteiro.

“Eu posso falar que houve um aumento de 15% na procura de investidores estrangeiros neste ano de 2023. Os russos que me procuraram foi para locação de imóveis de alto padrão, de grandes apartamentos. São famílias com crianças pequenas, que não têm envolvimento com a guerra. Gente que tem dinheiro investido fora, trabalha em home office, em situações que a função geográfica não importa. Então o cara sai daquela guerra. Eles não respondem [sobre a guerra] claramente, mas observamos essa galera chegando, fugindo da guerra”, destaca Henrique Martins.

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