Quinta-feira, 28 de Março de 2024

Home Brasil Empresas e entidades pedem que o governo brasileiro adote metas ambientais mais ousadas

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Faltando pouco mais de duas semanas para o início da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a “COP26”, um grupo com mais de 300 empresas e entidades elaborou um documento recomendando que o governo brasileiro eleve suas metas de redução de emissão de gases de efeito-estufa (causadores do aquecimento global) e reduza significantemente o desmatamento ilegal.

O texto foi divulgado nesta semana pela “Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura”, formada por entidades do agronegócio, empresas e representantes da sociedade, comunidade científica e setor financeiro. Dentre os destaques, o alerta que as metas defendidas pelo governo de Jair Bolsonaro precisam ser mais ousadas.

Produzido entre agosto e setembro por meio de uma série de discussões entre os membros da Coalizão e da sociedade, o documento aponta alguns temas que deveriam ser abordados pela delegação brasileira durante a “COP26”. O encontro climático será realizado a partir do dia 31 em Glasgow, na Escócia.

Também contém o alerta de que as mudanças climáticas vão afetar todas as regiões do Brasil, agravando as secas nas regiões Nordeste e Centro-Oeste e aumentando as temperaturas nos Estados brasileiros situados mais ao norte.

A Coalizão Brasil defende a ampliação das metas relativas às emissões de carbono estabelecidas para 2025, 2030 e 2050 e a “apresentação de políticas e planos claros e contundentes” para cumprir as promessas. O grupo ressalta ser necessária urgência na implementação dos compromissos.

Metas insuficientes

As chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) – a meta nacional voluntária de redução da emissão de gases de efeito estufa – do Brasil apontam atualmente para redução de 37% nas emissões de dióxido de carbono até 2025 e de 43% até 2030, em relação aos níveis de 2005.

As metas são as mesmas que haviam sido prometidas pelo governo da presidente Dilma Rousseff (2011-2016), mas uma manobra contábil – jocosamente chamada por especialistas de “pedalada climática” – permite níveis de emissão mais elevados.

O último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU afirma, entretanto, que os países precisam ir além, devendo reduzir suas emissões em pelo menos 50% até 2030, para se conseguir a manutenção do aumento total da temperatura média do planeta em 1,5 ºC, como determinado no Acordo de Paris.

Na prática, o governo ampliou a base de cálculo, dando margem para a emissão de mais 400 milhões de toneladas de CO2 até 2030. Autoridades brasileiras defendem a medida, argumentando que foi realizada uma revisão seguindo normas científicas com resultados aceitos internacionalmente.

É esperado também que o governo brasileiro use a COP26 como oportunidade para oficializar suas NDCs, que incluem também a neutralidade de emissões de CO2 até 2050 e acabar com o desmatamento ilegal até 2030.

Desmatamento

O documento destaca especialmente o impacto das mudanças climáticas sobre o agronegócio, responsável por 28% das emissões no Brasil. O estudo diz que as temperaturas médias na região Sudeste podem subir até 4 ºC até o fim do século, inviabilizando a produção de algumas commodities.

Outra proposta do grupo é promover a manutenção da cobertura vegetal nativa nos diferentes biomas e incentivar a restauração de áreas classificadas como prioritárias. A Coalizão Brasil afirma que zerar o desmatamento e a exploração ilegal de florestas é crucial para o Brasil cumprir suas metas de redução de emissões.

Ainda conforme o documento, três quartos das emissões do Brasil estão relacionados ao uso da terra. Do total, 28% são geradas pela agropecuária, e 44%, pelo desmatamento.

Como 90% do desflorestamento da Amazônia é ilegal, precisa haver um compromisso maior do governo no combate ao crime, sobretudo porque a situação vem se agravando, alerta o diretor-executivo do Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam), André Guimarães, que integra o conselho da Coalizão.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que o acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia, entre agosto de 2020 e julho de 2021, foi de 8,7 mil quilômetros quadrados – segundo pior resultado em cinco anos. A área desmatada corresponde praticamente ao dobro do registrado de 2016 para 2017 e de 2018 para 2019.

Além do combate ao desmatamento, o documento propõe o incentivo à restauração de áreas degradadas tidas como prioritárias para preservar a biodiversidade, segurança hídrica, mitigação climática, segurança alimentar, e promoção da bioeconomia. Outra medida importante seria a criação de novas áreas protegidas. A Coalizão sugere ainda o apoio a populações indígenas, ribeirinhas e quilombolas.

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