Terça-feira, 08 de Outubro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 15 de outubro de 2023
O furto das 21 metralhadoras de um quartel em Barueri, na Grande São Paulo, nesta semana, já é o maior desvio de armas registrado pelo Exército brasileiro desde 2009, quando o Instituto Sou da Paz começou a fazer esse tipo de levantamento. Treze das armas levadas têm poder de fogo para derrubar aeronaves.
Após o desparecimento das 13 metralhadoras calibre .50 e outras 8 metralhadoras calibre 7,62 , confirmado numa vistoria na última terça-feira (10), cerca de 480 militares do Arsenal de Guerra em Barueri foram obrigados por seus superiores hierárquicos a ficarem “aquartelados”.
Em outras palavras, os militares da base não podem deixar o local e nem irem embora. O Comando Militar do Sudeste disse ter instaurado um inquérito policial militar para apurar as circunstâncias do fato. O Exército descreveu a ocorrência como “uma discrepância no controle” das armas e disse ter tomado todas as providências para investigar o caso.
A corporação não trata a medida como uma prisão, mas do lado de fora, familiares dos “aquartelados” reclamam que não têm notícias dos militares. Nenhum suspeito pelo sumiço do armamento foi identificado ou detido, assim como nenhuma arma foi recuperada.
Segundo a ONG, há 14 anos, 7 fuzis tinham sido roubados de um batalhão do Exército em Caçapava, interior paulista. Todas as armas foram recuperadas depois. Suspeitos pelo crime foram presos, incluindo um militar. Até então, esse havia sido o maior desvio de armas de um quartel do Exército.
Armamento pesado
Metralhadoras calibre .50 são equipamentos de alto interesse de grupos criminosos organizados, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), que é conhecido por “alugar” armas de alto calibre para assaltos a carros-fortes, transportadoras e agências bancárias. Em 2016, o assassinato do megatraficante Jorge Rafaat Toumani, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, foi realizado com uso desse armamento pesado.
Já o fuzil automático leve (FAL) de calibre 7,62 é adotado pelo Exército como armamento padrão de combate desde a década de 1960. “O FAL utiliza a munição 7,62x51mm NATO, que concede ao armamento uma alta precisão no engajamento dos alvos e grande letalidade”, descreve um estudo da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Rio. A análise acrescenta que a partir de 2017 teve início uma substituição gradual do FAL por um armamento de calibre 5,56 mm.
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, disse neste final de semana que o furto do armamento pode ter “consequências catastróficas” se elas forem para o crime organizado, podendo e colocarem em risco a população.
Derrite determinou que a Polícia Civil e a Polícia Militar (PM) realizem operações para tentar encontrar as 13 metralhadoras calibre .50 e as 8 metralhadoras calibre 7,62 que sumiram do Arsenal de Guerra do Exército em Barueri.
Além de eventuais blitzes em cidades e estradas, a força policial paulista vai usar um sistema chamado “Muralha Eletrônica” nas tentativas de localizar as armas de uso restrito pelo Exército que sumiram do paiol em Barueri. São equipamentos com câmeras de monitoramento acessadas pelas forças de segurança do estado.
Funções distintas
Apesar de estar empenhada em localizar as armas, a polícia de São Paulo não investiga o seu sumiço. Isso porque o Exército não registrou boletim de ocorrência sobre o furto, apesar de confirmar oficialmente o desaparecimento do arsenal.
Além disso, o próprio Exército decidiu investigar o caso internamente. Para isso, decidiu ‘aquartelar’ toda a tropa do quartel, cerca de 480 militares, para que sejam ouvidos e ajudam a esclarecer o que aconteceu com as metralhadoras extraviadas.
No Ar: Show de Notícias