Sexta-feira, 20 de Junho de 2025

Home Política Governadores da direita se movimentam com cautela à espera do “sim” de Bolsonaro no altar de 2026

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O abandono e a indiferença que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu clã impuseram à deputada Carla Zambelli (PL), que fugiu para a Itália, após ser condenada a 10 anos de prisão por envolvimento em invasão hacker ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), assombram os pré-candidatos da direita à presidência da República.

Se Zambelli – quase uma amiga íntima da família – foi largada num limbo porque seus atos teriam prejudicado a reeleição de Bolsonaro, imagine o que pode acontecer àquele que exagerar nesta pré-campanha antecipadíssima e não esperar pela bênção do ex-presidente.

Bolsonaro está inelegível até 2030. Além disso, é réu com grandes chances de ser condenado à prisão no processo sobre um suposto plano de golpe de Estado que está sendo julgado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Nada disso, entretanto, lhe tira a ideia de que é o único e grande líder da direita e que se, realmente, seu nome ficar fora da cédula, será ele a escolher quem o substituirá. Digo “realmente” porque na política brasileira tudo pode acontecer e o País permanece sendo aquele em que, como já disse o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, “até o passado é incerto”.

Sendo assim, os postulantes têm trabalhado tentando, às vezes sem conseguir, manter alguma discrição. Os governadores, por exemplo, têm feito viagens pelo País com todo tipo de desculpas. O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), esteve neste fim de semana em três cidades do Pará. Segundo o noticiário local, estreitou a ligação com a oposição ao governador Helder Barbalho (MDB), alinhado ao governo Lula.

Viajou mais de seis mil quilômetros, entre ida e volta, para “construção de caminhos em conjunto”, como disse um de seus anfitriões, o prefeito de Ananindeua (na região metropolitana de Belém), Dr. Daniel (PSB). Ronaldo Caiado (União), governador de Goiás, faz com frequência o circuito de viagens que incluem São Paulo.

Uma exceção é o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Decidido a fazer o possível para tornar viável uma possível candidatura, esqueceu até da habilidade e da discrição que sempre caracterizaram a política mineira. Sem sutileza alguma já contratou equipe para a pré-campanha e não perde oportunidade de falar sobre diversos assuntos, ainda que o resultado em muitas ocasiões fique longe do que ele esperava.

Zema já chegou a defender o separatismo e a formação de uma frente Sul-Sudeste para se contrapor ao Norte-Nordeste e arrematou o preconceito afirmando que o “Brasil funciona como um produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito”, referindo-se aos Estados nordestinos. Há poucos dias defendeu o golpe de 1964.

Quem tem tudo, porém, para ser a noiva escolhida por Bolsonaro é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Equilibrando-se em uma corda muito fina, Tarcísio afaga o ex-presidente em público, diz que pretende disputar a reeleição ao governo paulista em 2026 mas, segundo políticos próximos, se movimenta com toda a delicadeza possível em conversas com o mercado financeiro e a indústria, de olho no Planalto.

Segundo a última pesquisa do Datafolha, divulgada no dia 13 passado, em um dos cenários, o presidente Lula mantém a liderança no primeiro turno. Mas empata com Bolsonaro e Tarcísio no segundo. Se conseguir manter as boas relações com o ex-chefe, o governador, quem sabe, terá boas chances de chegar ao altar. (Opinião por Monica Gugliano/O Estado de S. Paulo)

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