Sexta-feira, 17 de Maio de 2024

Home em foco Inteligência artificial ajuda a prender bandido por cor da roupa e “atitude suspeita”

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Diante do avanço da violência urbana, algumas cidades têm reduzido roubos com câmeras que não se limitam a fazer reconhecimento facial. O uso de inteligência artificial (IA) já permite identificar bandidos pela cor da roupa ou alertar sobre movimentações suspeitas, como pular um muro. Softwares detectam padrões criminais, como rotas de fuga, “perseguem” veículos roubados por meio da placa e indicam áreas com recorrência de casos.

Analistas alertam que é preciso consolidar protocolos de privacidade, reduzir falhas na identificação e evitar vieses racistas. A IA pode ajudar mais na segurança no Brasil se houver ampliação de bancos de dados e integração de sistemas.

Câmeras inteligentes que fazem reconhecimento facial, identificam bandidos pela cor da roupa ou alertam sobre movimentações suspeitas, como pular um muro, têm sido apostas do poder público para frear a violência urbana. E já há softwares para ver padrões criminais, como rotas de fuga ou áreas com recorrência de casos. O desafio, segundo especialistas, é integrar a tecnologia a outras estratégias e adotar protocolos de privacidade e formas de evitar vieses racistas e falhas na identificação.

Curitiba (PR) e Santo André (SP) reduziram o roubo de veículos em 40% e 43%, respectivamente, um ano após a implementação da Muralha Digital, em que radares reconhecem placas de veículos roubados, fazendo acompanhamento da rota seguida. São José dos Campos (SP), apontada como uma das cidades mais avançadas nessa área, adotou câmeras com inteligência artificial em 2021 (mais informações na pág. A19). Conforme balanço municipal, os roubos caíram 33% entre 2020 e o ano passado.

Em São Paulo, essas inovações não se restringem ao interior ou ao ABC paulista. A capital recentemente adotou a tecnologia. “Automaticamente é detectado que houve uma invasão de perímetro e é disparado um alarme na central de operações”, afirma Vanderson Stehling, responsável pelas tecnologias da empresa chinesa Hikvision, fornecidas para São José dos Campos e São Paulo.

Implementação

A prefeitura anunciou em agosto o projeto de comprar 20 mil câmeras inteligentes para a segurança pública. Hoje, segundo o município, 10 mil estão em funcionamento.

A operação começou, de fato, em fevereiro. Entre os locais que já contam com o equipamento está a Ponte Estaiada, na zona sul, a Avenida Paulista e a Praça da Sé, na região central. Até o fim do ano, as 20 mil câmeras devem estar funcionando, segundo o governo.

Um dos principais objetivos é monitorar o centro, que tem sofrido com frequentes ondas de roubos, sobretudo de celulares, e o espalhamento de usuários da Cracolândia. Para a região, são previstas 3 mil câmeras. Outro foco são os principais locais de circulação de pessoas, carros e conexões com outras cidades – estas, consideradas chaves na procura por veículos roubados.

O projeto Smart Sampa, da gestão Ricardo Nunes (MDB), foi alvo de questionamentos, especialmente pelo uso de reconhecimento facial, risco de vazamento de dados sensíveis e impacto na privacidade. O projeto chegou a ser suspenso pela Justiça, mas a iniciativa foi retomada após ajustes no edital. Ainda em 2023, a gestão municipal afirmou ter definido um “sistema de controle muito rígido” para as câmeras.

Análise facial

Sobre as preocupações com o reconhecimento facial – houve críticas sobre o risco de vieses racistas –, o secretário adjunto da pasta municipal da Segurança Urbana, Junior Fagotti, disse que “a plataforma só vai levar pontos biométricos faciais, sem reconhecer cor”.

A gestão afirma ainda que a identificação de foragidos não dependerá só da câmera, mas também da avaliação presencial. Um comitê composto por sete pastas – incluindo Segurança Urbana, Transportes, CET e SPTrans, além de, eventualmente, as Polícias Civil e Militar – será responsável por analisar as imagens. O custo mensal previsto para as 20 mil câmeras é de R$ 9,8 milhões por mês.

“Na primeira semana da operação, o programa possibilitou a localização de uma desaparecida, pelo banco de dados da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania. Depois, outras quatro desaparecidas foram localizadas”, diz a prefeitura.

“Esse recurso permite que os agentes identifiquem qualquer procurado da Justiça ou uma invasão, possibilitando resposta imediata e eficaz para inibir potenciais ameaças à segurança e ao patrimônio público”, acrescenta.

O governo da Bahia já capturou 1.523 foragidos da Justiça, com ordens de prisão, em quatro anos do seu programa de câmeras com reconhecimento facial em espaços públicos e grandes eventos, como o carnaval de Salvador. O sistema já identificou até um criminoso que estava nas ruas como folião, fantasiado de mulher.

Segundo Stehling, da Hikvision, toda a operação das câmeras fica a cargo da administração municipal. Nenhuma outra empresa, diz ele, tem acesso aos dados, o que é uma das maiores preocupações de especialistas, por se tratar de informações sensíveis.

As câmeras também devem fazer parte do sistema de “Muralha Digital”, que vem sendo testado pelo governo do Estado para reforçar o monitoramento de carros roubados.

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