Quinta-feira, 28 de Março de 2024

Home Mundo Irlanda pede justiça no 50º aniversário do Domingo Sangrento

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A República da Irlanda pediu, neste domingo, que o Reino Unido garanta justiça para as famílias dos 13 manifestantes mortos a tiros por soldados britânicos no que ficou conhecido como Domingo Sangrento, em 1972. Milhares foram às ruas de Londonderry, na Irlanda do Norte, para marcar o 50o aniversário de um dos dias decisivos do conflito entre católicos e protestantes na província britânica.

Em 2010, o governo britânico pediu desculpas pelos assassinatos “injustificados e inaceitáveis” de 13 manifestantes católicos. Os assassinatos foram cometidos por soldados britânicos na cidade de Londonderry, no Norte do país, em 30 de janeiro de 1972 — um 14º manifestante morreu mais tarde devido aos ferimentos.

Nenhum dos responsáveis pelo tiros foi condenado e, em julho passado, promotores britânicos disseram que o único soldado britânico acusado de assassinato não será julgado — uma decisão que está sendo contestada pelos parentes das vítimas.

“Deve haver um caminho para a justiça”, disse o ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Simon Coveney, à emissora estatal RTE, depois de entregar uma coroa de flores e se encontrar com parentes dos mortos. “Como alguém disse, nossos filhos foram enterrados há 50 anos, mas eles ainda não conseguiram descansar… porque não temos justiça”, completou ele.

Coveney reiterou a oposição do governo irlandês a uma proposta do governo do primeiro-ministro britânico Boris Johnson de suspender todos os processos contra soldados e militantes para tentar apagar os erros do passado conflituoso, medida que irritou parentes e foi rejeitada por todos os principais partidos políticos irlandeses.

“Nós absolutamente não podemos e não vamos apoiar essa proposta”, disse ele.

O Domingo Sangrento foi lembrado em um dos maiore sucessos do grupo de rock U2, “Sunday Bloody Sunday”, de 1983. O grupo prestou homenagem hoje às vítimas da repressão britânica, publicando nas redes sociais uma versão acústica da canção.

Mais de 3.000 pessoas morreram nos conflitos na Irlanda do Norte antes do processo de paz de 1998, que com o chamado Acordo da Sexta-Feira Santa encerrou em grande parte os anos de guerra civil entre os nacionalistas, que buscavam a unificação da Irlanda do Norte com a República da Irlanda, e o Exército britânico e partidários de manter a província sob domínio britânico.

Refazendo a marcha

Parentes segurando rosas brancas e fotografias dos mortos acompanharam milhares de pessoas e refizeram a rota da marcha de 1972 nas homenagens deste domingo. O primeiro-ministro irlandês, Micheal Martin, assistiu à leitura dos nomes de todas as vítimas do Domingo Sangrento.

“Deve haver um processo completo nos tribunais e na Justiça”, disse Martin a jornalistas após a cerimônia.

Ninguém do governo britânico compareceu aos eventos, nem os políticos pró-Londres da da Irlanda do Norte. Em um post no Twitter de sábado, Boris Johnson descreveu o Domingo Sangrento como “um dos dias mais sombrios dos conflitos” na Irlanda do Norte e disse que o Reino Unido deve aprender com o passado.

Um porta-voz do governo britânico disse que está “absolutamente comprometido em abordar questões de legado de forma abrangente e justa”.

“Isso incluirá medidas voltadas à recuperação de informações, para que as famílias possam saber o que aconteceu com seus entes queridos e que promovam a reconciliação, para que todas as comunidades da Irlanda do Norte possam superar”, disse o porta-voz.

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