Sábado, 07 de Setembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 19 de maio de 2024
Depois de ocupar o cargo de conselheiro da Petrobras por um ano, o engenheiro Sergio Machado Rezende disse que foi “abandonado” ao não ser reconduzido para o colegiado, em abril deste ano. Em 2023, Rezende havia sido indicado à estatal na cota pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora Rezende afirma que o presidente tem sido “enganado” por pessoas de dentro do próprio governo, entre elas o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
O ex-ministro afirma ainda que Silveira teria dito a Lula que ele (Rezende) era ausente nas reuniões do conselho. O argumento teria sido utilizado para criar espaço no colegiado para a entrada de Rafael Dubeux, indicado pelo Ministério da Fazenda, sempre segundo Rezende: “Soube pelo jornal que haveria um representante do Haddad (Fernando Haddad, ministro da Fazenda) indicado ao conselho e que entraria no meu lugar.”
Na avaliação do ex-conselheiro da Petrobras, que foi ministro de Lula entre 2005 e 2010, a demissão de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras nesta semana foi “injusta e resultado de intrigas”. Para Rezende, Lula teria sido enganado e ficado sem ação.
Alexandre Silveira afirma “nunca ter feito qualquer tipo de comentário sobre o ex-conselheiro e que a alegação não procede”. O ministro também disse desconhecer qualquer informação sobre a frequência e participação de Sergio Rezende no conselho da Petrobras.
Rezende deixou o diretório nacional do PSB para assumir o conselho da petroleira em 2023. Em abril deste ano, uma ação popular de um deputado de São Paulo afastou o engenheiro do colegiado sob o argumento de que a indicação não seguia as regras do estatuto da empresa. A suspensão foi derrubada na semana seguinte pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).
Como foi a sua saída do conselho da Petrobras?
Sergio Rezende: Soube pelo jornal que Haddad queria ter um representante no conselho da Petrobras e que entraria no meu lugar. O meu nome havia sido encaminhado pelo governo ao conselho (para renovar o mandato na eleição em abril), e o colegiado aprovou as indicações, encaminhando para a assembleia. Isso ocorreu dias depois da decisão da Petrobras de adiar a solução sobre os dividendos extraordinários. Depois eu soube que Lula teria convocado Silveira, Rui Costa (ministro da Casa Civil) e Haddad. Nessa ocasião, Haddad afirmou que queria ter um representante no conselho, e então Silveira ofereceu o meu lugar, dizendo que eu era ausente nos encontros. Não sei as razões que levaram o ministro a dizer isso.
Qual sua avaliação da demissão de Prates?
Rezende: A saída de Jean Paul Prates é resultado de intrigas. O que fizeram comigo foi intriga e o que fizeram com ele também é intriga. A saída dele agora é um erro muito grande. É triste ver isso em um governo que eu apoio e continuarei apoiando, sempre tive ótima relação com Lula. Quem atrapalha o governo são os adversários do PT dentro do próprio governo. O ministro Silveira tem nada a ver com o PT. O Congresso não só atrapalha ao não aprovar medidas, mas obriga o presidente a colocar pessoas que são infundadas. O presidente está sendo enganado pelos adversários.
Valor: Como avalia a gestão de Prates?
Rezende: A gestão de Prates foi muito boa. A Petrobras é um sistema muito complexo, tem mais de 180 mil empregados, entre funcionários diretos e indiretos. Em 2023, a Petrobras teve o segundo maior lucro da história. O primeiro foi em 2022, quando os preços dos combustíveis oscilavam, acompanhando dólar ou o preço do barril, o que foi muito ruim para a economia. Prates conduziu bem a transição da Petrobras para incluir fontes renováveis. As informações que dizem que ele foi demitido porque não queria investir em estaleiros eram equivocadas.
A expectativa é de que a nova indicada para liderar a Petrobras, Magda Chambriard, encaminhe as questões que Prates demorou a fazer. Acredita que será possível?
Rezende: Torço para que Magda Chambriard dê certo na Petrobras. A política tem razões que a própria razão desconhece. Todos os temas que têm se falado que Prates não priorizou estavam no conselho. Todos eles estavam no plano estratégico e o conselho debateu o plano em todas as reuniões do segundo semestre. Torço para que a Petrobras acerte o passo, e que Lula não fique ouvindo o ministro [Silveira], que pouco entende de petróleo.
As informações são do jornal Valor Econômico.
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