Domingo, 06 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 21 de dezembro de 2021
Um crescente corpo de pesquisas preliminares sugere que as vacinas contra a covid utilizadas na maior parte do mundo quase não oferecem defesa contra a infecção pela variante ômicron, que é altamente contagiosa.
Todas as vacinas ainda parecem fornecer um grau significativo de proteção contra formas graves da doença causadas pela ômicron, que é o objetivo mais importante. Mas apenas as vacinas da Pfizer e da Moderna, quando completadas por uma dose de reforço, parecem ter sucesso inicial em barrar as infecções, e essas vacinas não estão disponíveis na maior parte do mundo.
As outras vacinas – entre elas as da AstraZeneca, Johnson & Johnson e vacinas fabricadas na China e na Rússia – fazem pouco ou nada para impedir a disseminação da ômicron, mostram as primeiras pesquisas. E como a maioria dos países construiu seus programas de inoculação em torno dessas vacinas, a lacuna pode ter um impacto profundo no curso da pandemia.
Uma onda global de infecções em um mundo onde bilhões de pessoas continuam sem vacina não só ameaça a saúde de indivíduos vulneráveis, mas também aumenta a oportunidade para o surgimento de ainda mais variantes.
A diferença na capacidade de resistência dos países diante da pandemia quase certamente se agravará. E as notícias sobre a eficácia limitada das vacinas contra a infecção por ômicron podem diminuir a demanda por vacinação em todo o mundo em desenvolvimento, onde muitas pessoas já estão hesitantes ou preocupadas com outros problemas de saúde.
A maioria das evidências até agora se baseia em experimentos de laboratório, que não capturam toda a gama da resposta imunológica do corpo e não rastreiam o efeito em populações do mundo real. Mas, ainda assim, os resultados são alarmantes.
As doses da Pfizer e da Moderna usam a nova tecnologia de RNA mensageiro, a qual oferece consistentemente a melhor proteção contra infecções de todas as variantes. Todas as outras vacinas se baseiam em métodos mais antigos para desencadear resposta imunológica.
As vacinas chinesas Sinopharm e Sinovac – que representam quase metade de todas as vacinas administradas globalmente – oferecem proteção quase nula contra a infecção por ômicron. A grande maioria das pessoas na China recebeu essas injeções, que também são amplamente utilizadas em países de baixa e média renda, como México e Brasil.
Um estudo preliminar de eficácia na Grã-Bretanha descobriu que a vacina Oxford/AstraZeneca não mostrou capacidade de interromper a infecção por Ômicron seis meses após a aplicação. Noventa por cento das pessoas vacinadas na Índia receberam esta vacina, sob a marca Covishield; esta também tem sido amplamente utilizada em grande parte da África subsaariana, onde o Covax, o programa global de vacinas contra a covid, distribuiu 67 milhões de doses para 44 países.
Os pesquisadores preveem que a vacina russa Sputnik, que também está sendo usada na África e na América Latina, apresentará taxas semelhantes de proteção contra a Ômicron.
A demanda pela vacina Johnson & Johnson vem aumentando na África, porque seu regime de aplicação de dose única facilita a aplicação em locais com poucos recursos. Mas também mostrou capacidade insignificante de barrar a infecção por ômicron.
Os anticorpos são a primeira linha de defesa induzida pelas vacinas. Mas as injeções também estimulam o crescimento de células T, e estudos preliminares sugerem que essas células T ainda reconhecem a variante ômicron, o que é importante na prevenção de doenças graves.
“O que você perde primeiro é a proteção contra infecções leves assintomáticas, o que você retém muito mais é a proteção contra doença grave e morte”, disse John Moore, especialista em vírus da Weill Cornell Medicine, em Nova York. Ele caracterizou como “uma fresta de esperança” o fato de a Ômicron até agora parecer menos letal do que a variante Delta.
Pessoas com casos positivos podem ter apenas infecção assintomática ou doença leve, mas são capazes de transmitir o vírus para pessoas não vacinadas, as quais correm o risco de ficar gravemente doentes e de se tornar fonte de novas variantes.
Dados preliminares da África do Sul sugerem que, com a ômicron, há uma chance muito maior de pessoas que já tiveram covid serem reinfectadas do que com o vírus original e variantes anteriores. Mas alguns especialistas em saúde pública dizem acreditar que países que já passaram por ondas violentas de covid, como Brasil e Índia, podem ter alguma defesa contra a Ômicron, e a vacinação após a infecção produz altos níveis de anticorpos.
“A combinação de vacinação com exposição ao vírus parece ser mais forte do que apenas a vacina”, disse Ramanan Laxminarayan, pesquisador de saúde pública em Nova Delhi. A Índia, observou ele, tem uma taxa de vacinação de adultos de apenas cerca de 40%, mas 90% de exposição ao vírus em algumas regiões.
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