Segunda-feira, 20 de Maio de 2024

Home em foco Militares investigaram 46 oficiais por causa de carta para pressionar o comandante do Exército a aderir a golpe, mas não revela punições

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O Exército diz ter investigado 46 oficiais que assinaram uma carta para pressionar o comandante à época, general Marco Antônio Freire Gomes, a aderir a um suposto plano de golpe de Estado, mas não informou se alguém foi punido.

A informação consta de resposta dada pelo gabinete do Comandante do Exército a pedido feito por meio da Lei de Acesso à Informação.

O documento, intitulado “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro” é um ponto relevante das investigações feitas pela Polícia Federal (PF) sobre a participação de militares na trama golpista.

Para a PF, o documento foi “utilizado como instrumento de pressão ao então Comandante do Exército General Freire Gomes”.

A carta, segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, tinha “clara ameaça de atuação armada” após as eleições de 2022.

Pressão

Em depoimento à PF, no dia 2 de março, Freire Gomes foi questionado sobre a carta e afirmou que ficou sabendo dela por meio da Comunicação Social do Exército.

Perguntado se o documento foi feito para pressioná-lo “a aderir ao Golpe de Estado”, o general disse que sim e informou que “determinou que fosse feita uma apuração em todos os Comandos de Área para que identificassem e tomassem as providências cabíveis” para identificar quem participou da carta.

O ex-comandante afirmou que “foi identificada a participação de alguns militares que foram punidos na medida de suas participações no ato” e que não considera lícito que oficiais da ativa das Forças Armadas se manifestem politicamente, como no documento.

O atual comandante do Exército, general Tomás Paiva, pediu uma análise aprofundada para saber se de fato houve punição aos envolvidos.

Militares interrogados

O documento alvo da investigação foi encontrado no celular do tenente-coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid. Os investigadores suspeitam que o documento tenha sido produzido em uma reunião de militares em novembro de 2022.

O coronel Bernardo Romão Correa Neto, por exemplo, foi questionado sobre ter enviado a carta a Cid logo após a reunião, mas disse não saber quem elaborou o documento, negou que ela tenha sido redigida na reunião e disse não concordar com o conteúdo do texto.

Outro interrogado sobre o tema é o tenente-coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, que, para a PF, integrava o “núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral”. Cavaliere disse à PF que chegou a assinar o documento, mas depois retirou a assinatura e orientou outros a retirarem. O oficial informou ainda à PF ter ouvido de Cid que o então presidente Bolsonaro sabia da carta.

Outros militares ouvidos pela PF e investigados no caso, como o general da reserva Estevam Teophilo, também negaram envolvimento com o documento.

‘Hierarquia e disciplina’

O Gabinete do Comandante do Exército informou na resposta que “sendo considerada uma manifestação de cunho político, o que se caracteriza como transgressão disciplinar para os militares da ativa, o Comando do Exército determinou a abertura de Processo de Apuração de Transgressão Disciplinar (PATD) em relação aos 46 (quarenta e seis) oficiais identificados como signatários da Carta, conforme previsto no Regulamento Disciplinar do Exército (RDE)”.

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