Domingo, 15 de Setembro de 2024

Home em foco Ministro da Fazenda diz que juros altos agravam o cenário de risco, especialmente em países emergentes

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que há uma preocupação com os níveis de endividamento, especialmente em países pobres, e que a elevação dos juros agrava o cenário de risco. As afirmações foram feitas em pronunciamento na sessão de abertura da Reunião de Ministros de Finanças e Governadores de Bancos Centrais dos países do G20, em Bangalore, na Índia.

“Estamos preocupados com os níveis de endividamento, principalmente entre os países mais pobres. A elevação dos juros em meio à fragilidade da economia mundial agrava o cenário. Devemos continuar o trabalho que está sendo realizado no Marco Comum e outros esforços de coordenação coletiva. Ter mecanismos para uma reestruturação ordenada e oportuna é do interesse de credores e devedores”, afirmou o ministro.

Haddad ainda listou os desafios enfrentados pelos países — como as consequências da pandemia e da guerra, aumento de pobreza e desigualdade e os preços elevados de alimentos e energia. Para ele, o aumento do diálogo entre os países é parte da solução, mas faltam ações com resultados concretos.

Ele defendeu o aprofundamento do debate sobre reformas em bancos de desenvolvimento multilateral, pelo papel que desempenham no apoio à ações de combata à fome e pobreza, por exemplo.

“Essas instituições devem ser bem capitalizadas e flexíveis para apoiar os países em desenvolvimento com financiamento a longo prazo, taxas de juros adequadas e estruturas inovadoras para reduzir riscos, estimular parcerias público-privadas e atrair investimentos privados”, disse.

O ministro também cobrou comprometimento dos países com o Acordo de Paris e destacou a meta brasileira de acabar com o desmatamento até 2030.

Críticas

Haddad também fez críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao legado de seu governo para as relações do Brasil com o resto do mundo. “Herdamos um cenário diplomático problemático. O Brasil estava isolado, ausente e em desacordo com seus valores e tradições. Olhando para frente, nós vamos reconstruir nossa presença internacional”, disse.

O ministro da Fazenda reforçou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) considera o G20 “central para o fortalecimento do multilateralismo”.

De acordo com a CNN Brasil, Haddad almoçou na Índia com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que também participa do encontro do G20 e tem sido alvo de críticas de Lula, do PT e de aliados de presidente devido ao atual patamar dos juros.

Imagens feitas pela emissora em Bengaluru mostraram Haddad e Campos Neto em uma conversa descontraída com a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, nos bastidores da reunião entre as autoridades econômicas do G20.

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