Domingo, 08 de Setembro de 2024

Home Política “Ministro não precisa de convite para ajudar no Congresso”, cobra líder do governo Lula no Senado

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Após as derrotas do governo no Congresso, impulsionadas pelo voto de parlamentares de partidos que ocupam ministérios, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), cobrou os ministros a atuarem mais ativamente na articulação política. Em entrevista ao jornal O Globo, Wagner defendeu a presença mais intensiva do chefe do Executivo para contornar as turbulências e reconheceu que, neste mandato, o chefe do Executivo dedicou menos tempo à tarefa, na comparação com as gestões anteriores.

1) O senhor participou da reunião da articulação política com o presidente Lula, na segunda-feira. O que muda na estratégia após as derrotas do governo? Ele estará mais presente?

Estamos voltando ao que sempre existiu no primeiro e segundo governos (de Lula), que é a reunião das segundas-feiras. Não tem novidade. Vocês continuam achando que a sessão do Congresso foi uma derrota, mas eu considero uma vitória. Nós não perdemos nada do essencial sobre finanças, mantivemos a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Perdemos em temas de costumes e hábitos que rendem na disputa de redes sociais.

2) Mas Lula queria que o veto dele às restrições à “saidinha” de presos fosse mantido…

Sim, mas ali foi uma questão de opinião. No que é programa de governo, não perdemos nada. É óbvio que ele queria que mantivesse, porque era uma convicção.

3) Em julho do ano passado, o senhor disse que era “fundamental” a presença de Lula no dia a dia da articulação. Por que isso ainda não aconteceu?

Não sei. Só perguntando a ele. A decisão de retornar (agora) foi dele, certo? O sistema é presidencialista. É a figura dele que puxa, sempre foi. As pessoas querem bater foto com o presidente, com o governador, não com o emissário. A presença dele muda a capacidade de articulação. Mas tem que dar o tempo. Não posso impor. Ele passou um ano e pouco preso. Não pôde ir ao enterro do irmão, foi ao enterro do neto parecendo que era um traficante de altíssima periculosidade, cheio de gente em volta. Ele viu muita gente comemorar a morte da esposa (Marisa Letícia, ex-primeira-dama, em 2017). O cara tem alma, não é de ferro.

4) Ele tem menos paciência agora para essas conversas com parlamentares?

Evidentemente, você teve um presidente Lula e agora tem outro. Ele continua sendo uma voz de ponderação e está com a mesma vontade de fazer. Quando estamos nas reuniões, é ele quem sugere. O pique é absolutamente o mesmo, a disponibilidade pode não ser a mesma. Mas ele sabe que, quando senta à mesa para conversa, é diferente.

5) O governo entregou ministérios a partidos de Centrão com a expectativa de ter uma base confortável no Congresso. Não funcionou?

O que Lula fez foi adotar a política que sempre adotou: quem ajudou a conquistar tem direito a se ver no governo. Infelizmente, a relação partido-parlamentar não é mais a mesma. Os parlamentares se sentem muito mais autônomos, por conta das emendas e do fundo partidário. A gente deve começar a fazer reuniões chamando os ministros de tal partido e as suas bancadas. “Cara pálida, e aí? Você está sentado aqui, quantos votos tem o teu partido quando eu preciso?”.

6) Os ministros de partidos aliados estão dizendo que eles não foram chamados a colaborar na articulação nem para se empenhar no veto da “saidinha”…

Não precisam ser chamados. Se depender de convite, nós convidaremos, mas não precisava ter convite. Alguém que está no governo e não acha que tem que trabalhar para aprovar matéria…

7) Parlamentares reclamam também que há ministros que não frequentam o Congresso nem os recebem no gabinete. Isso atrapalha?

Reconheço que tem alguns que são mais afeitos a receber, outro menos. Não é favor nenhum ministro receber parlamentar. O sistema democrático. Você tem que aprovar essas coisas aqui e, portanto, atender. Óbvio que o ministro tem uma pauta executiva para tocar, mas eu acho de bom tom separar meio dia na semana para ir desafogando. Não tem ninguém na vida pública que não tem que ser executivo e político. Fora disso, só em outra atividade.

8) Há possibilidade de reforma ministerial no segundo semestre. O senhor acha que resolve a situação do governo no Congresso?

Reforma ministerial é um critério absolutamente do presidente, que passa por execução daquele ministério e passa, evidentemente, pelas questões da política. Se eu botei alguém lá para representar um grupamento e o grupamento não se sente representado, para mim é um problema. Se eu botei alguém lá que representa o grupamento, mas não realiza nada, é o mesmo problema. A unidade do governo está na figura do presidente da República. É um programa único. Não pode ter um programa para cada ministério.

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