Segunda-feira, 03 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 3 de novembro de 2025
O cantor e compositor Lô Borges, um dos nomes mais importantes da música brasileira, morreu, nesta segunda-feira (3), aos 73 anos, em Belo Horizonte (MG). A informação foi divulgada pela família do artista.
Lô estava internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de um hospital na capital mineira desde 17 de outubro. Ele foi hospitalizado devido a uma intoxicação por medicamentos e precisou de ventilação mecânica. No dia 25 de outubro, passou por uma traqueostomia.
Em parceria com Milton Nascimento, Lô foi um dos fundadores do Clube da Esquina, termo usado para se referir a um grupo de músicos, compositores e letristas surgido na década de 1960 em Belo Horizonte, tendo figuras como Toninho Horta, Wagner Tiso, Beto Guedes e Márcio Borges.
Lô coleciona sucessos atemporais como “Um girassol da cor do seu cabelo”, “O trem azul” e “Paisagem da janela”.
Sexto filho de uma família de 11 irmãos, Salomão Borges Filho nasceu no bairro Santa Tereza, na Zona Leste de Belo Horizonte, e se mudou ainda criança para o Centro da cidade, durante uma obra na casa em que vivia. A mudança temporária transformou para sempre a vida de Lô e a música brasileira. Aos 10 anos, nas escadas do Edifício Levy, na avenida Amazonas, ele conheceu o vizinho Milton Nascimento, com quem fez amizade.
A família Borges voltou a morar no bairro Santa Tereza, e Lô, já mais velho, seguiu os passos dos irmãos e tomou gosto pela música nas ruas do bairro boêmio.
Milton Nascimento, que já não era mais vizinho, continuava frequentando a casa da família Borges. “Tocou a campainha lá na casa da minha mãe, era o Milton Nascimento falando: ‘Cadê o Lô?’. ‘Ah, o Lô tá na esquina, num lugar que eles chamam de ‘Clube da Esquina’, ele está lá’. Aí o Bituca veio com o violãozinho dele, comecei a mostrar a harmonia que eu estava fazendo, era uma harmonia do Clube da Esquina, ele começou a fazer a melodia, e aí a gente fez a parceria Clube da Esquina. Na época, ele já era famoso, eu era anônimo”, contou Lô Borges em uma entrevista.
Foi na esquina das ruas Divinópolis com Paraisópolis que músicas conhecidas mundo afora foram escritas. O chamado Clube da Esquina se transformou em movimento musical e, em 1972, virou o nome do disco que foi considerado, mais de 50 anos depois, o maior álbum brasileiro de todos os tempos.
O disco também foi eleito o nono melhor de todos os tempos de todo o mundo no ranking da revista norte-americana Paste Magazine, que listou 300 discos icônicos da história da música mundial.
No mesmo ano em que assinou o álbum “Clube da Esquina”, Lô Borges gravou e lançou o primeiro disco solo, o “Disco do Tênis”.
Em 1984, Lô Borges fez sua primeira turnê por todo o Brasil com o disco “Sonho Real”. Na década de 1990, uma parceria com Samuel Rosa, na música “Dois Rios”, trouxe Lô de volta aos holofotes.
Desde 2019, o artista mantinha a tradição de lançar um álbum de músicas inéditas por ano. O último foi “Céu de Giz”, em agosto de 2025, uma parceria com Zeca Baleiro.