Terça-feira, 13 de Maio de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 6 de janeiro de 2024
Diariamente, 63 idosos procuram atendimento hospitalar no Brasil após serem vítimas de queda da própria altura. Desse total, 19 não resistem e vêm a óbito. Segundo o Ministério da Saúde, o número de idosos atendidos no sistema hospitalar após quedas não para de crescer. Nos últimos dez anos os casos quase dobraram.
Em 2013, 16,535 idosos foram atendidos em hospitais de todos o país. Até outubro do ano passado, pelo menos 29,973 pessoas da terceira idade foram atendidas, quase o dobro. Os números de mortes após quedas saltaram de cinco mil para quase dez mil mortes. De 2013 a 2023, as quedas mataram 70.516 idosos em todo o país.
Foi um tropeço dentro de casa que tirou a vida do marido de Georgina Coutinho dos Santos. “Ele foi passar pano na casa, escorregou, bateu a cabeça no chão e nunca mais voltou. No dia do acidente, um domingo, chegou a ser internado, mas não resistiu”, diz Georgina.
O que ela não imaginava é que 22 anos depois, aos 71 anos, ela também seria vítima do mesmo acidente. “É uma situação que a gente nunca imagina que vai acontecer com a gente”, diz ela. “Recentemente, pisei em um cobre-leito do quarto, escorreguei, bati a cabeça na parede e fiquei quase um mês com o olho roxo. Minha sorte é que não foi tão grave como a situação dele.”
Causas
Apesar de tombos serem frequentes durante a vida, é após os 60 anos que eles podem se tornar mais comuns.
Presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), João Antonio Matheus Guimarães explica que, com o envelhecimento natural, o corpo humano vai perdendo massa e força muscular, a chamada sarcopenia. Essa perda de massa muscular faz com que os idosos tenham uma tendência maior de desequilíbrio, o que acaba gerando a maior parte dos acidentes.
Contudo, não é apenas a perda de massa muscular que gera os acidentes. “Ao mesmo tempo, quem tem mais de 60 anos, possui maior tendência de ter comorbidades, como alterações neurológicas, que podem, por exemplo, gerar uma tontura e uma consequente queda”, diz Guimarães.
Também entra na lista de motivos que nos fazem cair mais ao envelhecer outras comorbidades corriqueiras do avanço da idade.
É o caso de doenças nas articulações, que tendem a ficar mais frágeis. Por isso, por exemplo, situações de artrose — causada pelo desgaste progressivo da cartilagem e inflamação da articulação — são corriqueiras após os 60 anos, sendo capazes de causar tropeços fatais e consequentes quedas.
Problemas para enxergar de perto ou de longe e o próprio sistema nervoso mais debilitado com o acentuado índice de cabelos brancos também podem ser um indicativo de risco para ocorrência desse tipo de acidente. “O paciente mais idoso tende a levantar mais vezes à noite, por conta de urgência urinária e, muitas vezes, ele está sonolento”, ressalta Guimarães. E nesse levantar, muitas vezes ele sofre a queda.
Acima dos 80 anos
Pesquisa liderada pela nutricionista Ilana Carla Gonçalves, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucurí (UFVJM), sobre a tendência de mortalidade por quedas em idosos no Brasil constatou que mais da metade dos óbitos foram de pessoas com 80 anos ou mais.
No respectivo período, das 135.209 mortes de idosos por queda:
17,57% foram de idosos de 60 a 69 anos;
26,31% foram de idosos com 70 a 79 anos;
56,12% foram de idosos com 80 anos ou mais.
Na opinião de Gonçalves, é preciso que o Brasil repense seu modelo de organização das cidades para uma população que tende a ser cada vez mais idosa.
O Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que 10,9% do total de habitantes do país têm 65 anos ou mais – o maior percentual de idosos em relação ao total de habitantes desde que o primeiro recenseamento, de 1872.
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